Condoleezza Rice diz que “colapso soviético foi a pior tragédia para Putin”

  • Por Agencia EFE
  • 23/06/2014 21h52

Stanford, 23 jun (EFE).- A ex-secretária de Estado dos Estados Unidos durante o mandato de George W. Bush, Condoleezza Rice, disse nesta segunda-feira que “o colapso soviético foi a pior tragédia do século XX para (Vladimir) Putin”, o que explicaria o posicionamento do presidente russo no conflito da Ucrânia.

Rice, que entre 1989 e 1991 foi assessora do governo americano, especialista na antiga União Soviética e no leste europeu, rotulou a atitude de Putin de “messiânica” e criticou o presidente da Rússia por estar disposto “a utilizar todos os métodos para reunificar o povo russo”.

“Para Putin, o colapso da URSS foi a pior tragédia do século XX, porque 25 milhões de russos ficaram fora da Rússia: nos estados bálticos, na Polônia, na Ucrânia, etc. Sua visão é de que deve reunificar os russos e fará o que for preciso para isso”, declarou Rice em uma palestra na Universidade de Stanford, na Califórnia, para um público formado por executivos de companhias americanas.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e Putin conversaram hoje pelo telefone, e o líder americano pediu que seu colega russo usasse sua influência para promover a paz na Ucrânia, cujo leste é cenário desde o início do ano de confrontos entre milícias pró-russas e o governo ucraniano.

“Putin é um intimidador. Transformou o leste da Ucrânia em um Estado fracassado”, sentenciou a ex-secretária de Estado, que deu um exemplo da personalidade do líder russo.

“Uma vez (Putin) me disse que o povo russo só foi grande quando estava à frente da Rússia. Houve homens fortes como Pedro, o Grande, e Alexandre II. Eu não achava que estivesse situando sua figura ao lado da destes homens, pensei que só estava citando referências históricas. Mas hoje percebo que ele acredita que pode dominar os russos”, explicou.

Rice também lamentou que os Estados Unidos e Europa tenham abandonado, no seu entender, a liderança mundial, já que a União Europeia “está cada vez mais centrada em si mesma do que há cinco ou sete anos”, enquanto os Estados Unidos transmitem uma imagem de fraqueza pela mensagem que a administração de Obama dá no nível internacional.

“Se a todo momento dizemos várias vezes que não usaremos a força militar, as pessoas acabam por acreditar nisso, o que contribui para a desintegração da estabilidade internacional. Não que as pessoas tenham que fazer o que nós dissermos, mas sim levar em consideração”, concluiu a ex-secretária de Estado. EFE

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