Condução coercitiva de Lula impõe queda firme a juros longos

  • Por Agência Estado
  • 04/03/2016 17h17
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USP Images Economia

A exemplo de quinta-feira, 3, nesta sexta-feira, 4, o noticiário político dominou as atenções do mercado doméstico e as taxas de juros de longo prazo tiveram um dia de queda consistente. A condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na Polícia Federal embalou o recuo das taxas desde a abertura, com as mínimas da sessão sendo atingidas pela manhã. Com isso, a agenda, tanto interna quanto externa, com dados da produção industrial de janeiro e o payroll de fevereiro nos EUA, ficou em segundo plano.

Em nova sessão de volume expressivo de contratos negociados, as taxas curtas perderam fôlego de queda no final da etapa regular e encerraram perto dos ajustes. O DI julho de 2016 fechou em 14,125%, de 14,120% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2018 caiu de 14,26% para 14,24%. Nos longos, entretanto, houve recuo firme: o DI janeiro de 2019 fechou em 14,62%, de 14,77%, e o DI janeiro de 2021 terminou em 14,62%, de 15,07%.

A avaliação do mercado é de que o cerco da Justiça contra Lula está se fechando e, se as investigações comprovarem as acusações contra o ex-presidente, a permanência de Dilma na Presidência fica insustentável. Os investidores já colocam fichas efetivamente na aposta de mudança de governo e a expectativa é de que a troca de poder deverá trazer benefícios para a economia Consultorias políticas já veem mais de 50% de chances de saída da presidente. Com isso, segundo operadores, o mercado estaria queimando os prêmios essencialmente de risco político acumulados na curva desde o ano passado.

Lula falou nesta tarde sobre a Operação Alethea, na qual a PF e agentes da Receita Federal cumpriram mandados em endereços da família de Lula e no Instituto Lula. Ele negou as acusações contra si e classificou a ação de “espetáculo midiático”. “Se o juiz Moro quisesse me ouvir, bastaria mandar um ofício que eu iria como sempre fui”, afirmou Lula, acrescentando que não deve e não teme. O ex-presidente disse ainda que o PT tem de “levantar a cabeça” e que, como já tem 70 anos, não sabe se será candidato à Presidência em 2018.

Nesta tarde, também a presidente Dilma se pronunciou. Por meio de nota, manifestou “integral inconformismo” com a “desnecessária” condução coercitiva de Lula. Disse também que o governo garantiu autonomia de órgãos responsáveis por investigações, que devem prosseguir para punir quem deve ser punido.

Quanto aos indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial de janeiro cresceu 0,40% ante dezembro, taxa que ficou no teto das previsões do mercado. Nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que em fevereiro a economia norte-americana criou 242 mil empregos, acima da previsão de +200 mil.

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