Conflito separatista na Ucrânia já tem quase 8 mil mortos, diz ONU
Genebra, 8 set (EFE).- A Organização das Nações Unidas (ONU) informou nesta terça-feira que quase de 8 mil pessoas morreram em um ano e meio de conflito separatista no leste da Ucrânia e que a Rússia continua influenciando de maneira decisiva nesta crise, já que é de lá que são “enviadas armas sofisticadas e por onde passam os combatentes estrangeiros”.
Em um relatório elaborado pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU, a entidade também disse estar preocupada com o fato de a Rússia continuar enviando comboios com suposta carga humanitária, “sem o consentimento nem a inspeção da Ucrânia, e sem que seu destino exato e conteúdo sejam verificados”. Esse foi um dos motivos que levaram a União Europeia a ditar sanções econômicas e políticas contra a Rússia.
Segundo os dados da ONU, coletados por seus observadores de direitos humanos na região, além das vidas perdidas, 17.800 pessoas ficaram feridas. O conflito entre às forças governamentais e milícias aliadas aos rebeldes das regiões de Donestk e Lugansk continua tendo “enfrentamentos diários”, apesar de um cessar-fogo estipulado em fevereiro. Mesmo com o acordo, o número de vítimas dobrou entre meados de maio e agosto deste ano, chegando a 105 mortos e 308 feridos, se comparado com os três meses anteriores.
De acordo com a instituição, apenas uma parte do armamento pesado foi retirada, apesar de os envolvidos terem se comprometido a completar a tarefa. Assim, tanto os grupos armados quanto o exército ucraniano continuam utilizando morteiros, canhões, obuses, tanques e sistemas de lança-foguetes múltiplos.
A maioria de vítimas civis foi registrada nas áreas controladas pelos grupos rebeldes, onde 3 milhões de pessoas vivem. A ONU criticou que, mesmo com os procedimentos criados para facilitar as permissões que autorizam as pessoas a passarem de áreas rebeldes a regiões de controle oficial, “o governo continua restringindo severamente a liberdade de movimento”.
“Longas filas e postos de controle obrigam as pessoas continuar correndo risco de bombardeios durante prolongados períodos”, denunciou a ONU em seu relatório.
A entidade destacou que aqueles que querem sair desses territórios e buscam caminhos alternativos se expõem a minas e outros artefatos explosivos.
No texto, a ONU questionou o governo ucraniano pelo “padrão persistente de detenções não comunicadas”, torturas, maus tratos e violação de procedimentos. Já nas áreas rebeldes também foram verificadas que continuam diversas violações dos direitos humanos, com casos de assassinatos, raptos, violência sexual, trabalho forçado e extorsões.
Enquanto isto acontece, as cúpulas insurgentes avançam no estabelecimento de uma administração e de procedimentos civis mais centralizados, que, de acordo com a ONU, não estão em conformidade com as normas internacionais ou nacionais da Ucrânia. EFE
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