Conflito separatista no sul das Filipinas deixa 76 mil deslocados, diz ONU
Manila, 4 mar (EFE).- Pelo menos 76 mil pessoas abandonaram seus lares no sul das Filipinas pela ofensiva que as Forças Armadas realizam contra uma organização de rebeldes islamitas e pelos enfrentamentos entre grupos de insurgentes, segundo um relatório elaborado pela ONU e divulgado nesta quarta-feira.
O documento afirma que, até ontem à noite, cerca de 41 mil pessoas tinham deixado suas casas devido aos combates entre o exército e os Lutadores pela Liberdade Islâmica de Bangsamoro (BIFF, sigla em inglês) na província de Maguindanao, na ilha de Mindanao.
Além disso, aproximadamente 35 mil pessoas abandonaram seus lares na província de Cotabato do Norte, também em Mindanao, pelos enfrentamentos entre os BIFF e a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI), segundo o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
O documento denuncia a situação de precariedade dos centros de deslocados espalhados por Cotabato do Norte e Maguindanao, locais que não são organizados e possuem uma quantidade reduzida de alimentos e água.
A instabilidade afeta ainda cerca de 2.500 estudantes de seis colégios que suspenderam as classes pelos combates.
Os enfrentamentos entre os BIFF e a FMLI se iniciaram em 14 de fevereiro em função de uma disputa territorial em várias localidades das províncias vizinhas de Cotabato do Norte e Maguindanao.
Os BIFF ocuparam vários povoados e incendiaram cerca de 40 casas, o que fez com que pelo menos 20 mil deslocados fossem para abrigos.
Em resposta, as autoridades anunciaram em 25 de fevereiro uma “ofensiva total” contra os BIFF com o objetivo de proteger a população civil.
Embora o exército filipino tenha libertado as localidades ocupadas pelos insurgentes, os deslocados se negam a voltar pelo temor de minas enterradas na região.
O exército começou uma operação de limpeza da zona, enquanto continua a ofensiva contra os rebeldes.
O grupo BIFF se formou no final de 2010 após uma cisão no FMLI, causada pois alguns milicianos eram contrários as negociações com o governo, que terminaram com a assinatura de um acordo de paz em março de 2014.
Apesar do pacto assinado entre o governo e o FMLI, os BIFF e outros grupos armados, como os terroristas do Abu Sayyaf, permanecem ativos no sul das Filipinas.
Entre 100 e 150 mil pessoas, pelo menos 20% delas civis, morreram em quatro décadas de conflito separatista islâmico nas Filipinas, que, além disso, paralisou o desenvolvimento de uma região rica em recursos naturais e empobreceu a população. EFE
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