Conflito sírio supera os 150 mil mortos em três anos
Susana Samhan
Beirute, 1 abr (EFE).- O conflito sírio já se transformou em uma das guerras mais sangrentas do século XXI após ultrapassar os 150 mil mortos, um terço deles civis, desde o início há três anos, segundo os dados publicados nesta terça-feira pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos.
De acordo com os dados desta organização, com sede no Reino Unido, pelo menos 150.344 pessoas morreram, entre as quais há 51.212 civis – 7.985 menores e 5.226 mulheres- desde que foi registrada a primeira vítima mortal em 18 de março de 2011.
Os opositores armados sofreram pelo menos 37.781 baixas, várias delas de combatentes estrangeiros; enquanto os leais ao regime perderam pelo menos 58.480 soldados, entre os quais também figuram milicianos de nacionalidade não síria.
Além disso, 2.871 pessoas que morreram não puderam ser identificadas.
Há vários meses, o Observatório, dirigido pelo ativista sírio Rami Abderrahman, divulga sua própria apuração de vítimas, que se baseia em cerca de 5 mil fontes no interior do país, que incluem 230 ativistas no terreno.
O próprio Abderrahman descreveu o método de sua organização como “observar, documentar e publicar”.
Para verificar as vítimas da oposição, o Observatório cruzou os dados de hospitais, vídeos e ativistas no interior da Síria, enquanto para o grupo governamental consultam médicos de centros militares, ativistas alauitas (seita à qual pertence o presidente Bashar al-Assad) e fontes oficiais.
Em janeiro, a ONU anunciou que deixava de publicar o saldo de vítimas pela impossibilidade de comprovar os números.
Os últimos dados do organismo internacional são de agosto passado, quando seu secretário-geral, Ban Ki-moon, informou que o número tinha ultrapassado os 100 mil, embora tenha sido feito com estimativas sobre um relatório publicado em junho.
Existem também outras organizações que elaboram sua própria apuração como o Centro de Documentação das Violações na Síria (VDC), que já tem registrados 91.847 falecidos, embora só compute as vítimas das quais dispõe seu nome completo, a data de sua morte e o lugar em que perderam a vida.
Por seu lado, o grupo conhecido como os Mártires Sírios não só conta os mortos, mas também faz estatísticas nas quais os classifica por províncias, a forma como faleceram ou por sua nacionalidade.
De fato, de acordo com esta organização, o maior número de estrangeiros falecidos na Síria foram palestinos (746), seguidos de sauditas (73) e jordanianos (69).
Fica complicado comparar os mortos na Síria com outros conflitos, como o Iraque ou Afeganistão, pela ausência de dados oficiais.
Mesmo assim, o número de falecidos em território sírio poderia já ser superior ao do Iraque, onde foram registradas 162 mil baixas desde a invasão das tropas americanas em 2003 até sua retirada em dezembro de 2011, segundo a organização Iraq Body Count.
No Afeganistão, não há uma estimativa total desde o começo do conflito em 2001, já que diferentes grupos oferecem dados anuais, embora nem sempre desde o início da guerra.
Como exemplo, o último relatório da missão da ONU no Afeganistão (Unama), que começou a documentar os falecidos no Estado asiático em 2007, calcula que pelo menos 17.500 civis morreram desde até 2013.
A publicação do número de mortos no conflito sírio se produz pouco depois que completou em 15 de março o terceiro aniversário de seu começo.
A data de hoje, não há reflexos que esteja próximo o fim desta guerra civil, com implicações regionais.
O regime segue forte em Damasco e recentemente conseguiu expulsar os rebeldes da estratégica região de Al Qalamoun, desde onde é possível cortar as provisões que chegam desde o Líbano e do norte do país aos insurgentes na periferia de Damasco.
Atualmente, a principal batalha ocorre em Latakia, reduto tradicional do regime, onde os opositores lançaram uma ofensiva há pouco mais de duas semanas após serem derrotados em Al Qalamoun.
Após conseguir alguns avanços e tomar o posto fronteiriço de Kasab, entre Latakia e Turquia, o Exército deu ontem um golpe aos rebeldes ao recuperar o controle de um monte estratégico próximo à fronteira. EFE
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