Confrontos continuam durante a noite em bairros de Jerusalém Oriental
Jerusalém, 6 nov (EFE).- Enfrentamentos explodiram nesta quinta-feira nos bairros de Jerusalém Oriental entre manifestantes palestinos que lançaram fogos de artifício e pedras e forças de segurança que entraram para praticar revistas e detenções.
Os choques foram especialmente intensos no bairro de Suafat e nos arredores das muralhas. Eles começaram pouco depois de centenas de ultranacionalistas judeus marcharem de Jerusalém Oeste para a parte antiga aos gritos de “mesquitas serão incendiadas e o templo reconstruído”, exigindo a mudança no status da Esplanada das Mesquitas, mas foram barrados pelas forças de segurança.
Na semana passada, na saída do centro Begin, o rabino Yerhuda Glick, um dos extremistas messiânicos que mais pressionam para a mudança do status, em vigor desde a guerra de 1967, foi baleado e ficou gravemente ferido.
A tensão em torno da esplanada, no centro velho de Jerusalém, cresceu nos últimos meses depois de correrem rumores de que o parlamento israelense estuda uma proposta para abri-lo às orações judaicas, como exigem os movimentos pró-colonos ultranacionalistas.
E disparou por causa das contínuas visitas de deputados israelenses da extrema direita, que entram no recinto e murmuram orações fortemente escoltados pela polícia, apesar da lei, o que tem gerado cada vez mais protestos dos muçulmanos e distúrbios.
À isso se uniu a decisão israelense de impedir a entrada dos muçulmanos com menos de 50 anos.
O fechamento total, na semana passada, do santuário à reza muçulmana pela primeira vez desde 1967, um fato sem precedentes que foi condenado até pelos Estados Unidos, unido ao anúncio da construção de novas colônias, fez com que a Jordânia, à quem corresponde a administração da Explanada das Mesquitas, chamasse na quarta-feira seu embaixador em Tel Aviv e ameaçasse romper o histórico acordo de paz assinado em 1994.
O acordo confirmou a autoridade do Ministério hachemita de Assuntos Religiosos (Awqaq) sobre a Esplanada, terceiro lugar mais sagrado do islã, e a responsabilidade da segurança exterior para Israel.
Diante desta espiral de tensão, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ligou hoje para o rei da Jordânia, Abdullah II, para garantir que seu governo não cogita mudar o status, mas buscar formas de diminuir a tensão.
“Os líderes pediram uma cessação imediata das ações violentas e das provocações”, divulgou o escritório do primeiro-ministro em comunicado.
As tensões em torno da Esplanada das Mesquitas suscitaram a violência nos bairros árabes de Jerusalém Oriental, que desde o meio do ano presenciam enfrentamentos entre grupos de palestinos, colonos e forças de segurança, especialmente intensos esta noite.
O judaísmo situa no cume deste monte, conhecido como Moria, o Segundo Templo – seu lugar mais sagrado – destruído há dois mil anos pelos soldados romanos sob o comando do imperador Tito.
Desde então, a lei judaica proíbe orar sobre ele por temer profanar o Sancta Santorum e à espera da chegada do Messias, que reconstruirá o santuário.
Israel se apropriou de Jerusalém Oriental – que os palestinos reivindicam como sua capital – depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967, uma anexação que não é reconhecida pela comunidade internacional. EFE
jm/cd/rsd
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.