Confrontos continuam no Burundi e o presidente pede calma
Bujumbura, 14 mai (EFE).- Os intensos confrontos entre militares golpistas e os leais ao governo continuam nesta quinta-feira no centro da capital do Burundi, enquanto o presidente, Pierre Nkurunziza, pede calma e insiste no fracasso do golpe de Estado anunciado pelos militares.
“A situação está sob controle e a ordem constitucional será salvaguardada”, afirmou Nkurunziza através de sua conta no Twitter.
O presidente continua na Tanzânia, onde estava ontem para participar em uma reunião dos líderes da Comunidade Econômica da África do Leste, segundo confirmaram à Agência Efe fontes aeroportuárias.
Nkurunziza tentou ontem retornar ao Burundi após a tentativa golpista, mas seu avião teve que voltar para a Tanzânia porque o Exército fechou o aeroporto e as fronteiras do país.
Enquanto isso, esta manhã foram registrados confrontos em Bujumbura entre militares golpistas e partidários de Nkurunziza que lutam pelo controle da radiotelevisão nacional “RTNB”, segundo informou a imprensa local.
A rádio privada “Bonesha”, que também retransmitiu o discurso do general Godefroid Niyombare no qual anunciava a deposição do presidente, foi atacada na noite com artilharia, embora se desconheça o responsável pelo ataque.
O comissário da Polícia e porta-voz do autoproclamado Comitê para a restauração da Concordia Nacional, Zenon Ndabaneze, afirmou que não querem “um banho de sangue”, mas que agirão se for necessário.
A confusão reina no Burundi, onde inclusive o Exército do país está dividido entre partidários do regime oficial de Nkurunziza e os do golpe de Estado.
No final da noite de ontem, o Chefe de Estado-Maior do Exército, Prime Niyongabo, asseverou em discurso que o golpe tinha sido frustrado, e pediu aos rebeldes que depusessem as armas.
Após saber do anúncio da destituição do presidente, ontem centenas de burundineses saíram para as ruas para comemorar, embora hoje os cidadãos ainda permaneçam em suas casas.
Durante as últimas duas semanas, pelo menos 20 pessoas morreram nos protestos contra a vontade do presidente de concorrer a um terceiro mandato, algo que, segundo a oposição, a Constituição burundinesa proíbe.
A candidatura de Nkurunziza criou grandes temores em grande parte da população burundinesa – pertencentes fundamentalmente aos tutsi, etnia minoritária do país – que há uma década saiu de uma guerra civil (1993-2005). EFE
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