Congresso analisará pedidos de julgamento político do vice da Argentina

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2014 19h34

Buenos Aires, 2 jul (EFE).- O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, foi convocado nesta quarta-feira para ampliar na próxima sexta-feira seu depoimento no caso de corrupção no qual foi indiciado, enquanto o Congresso, pressionado pela oposição, concordou em analisar os pedidos de julgamento político.

Hoje, o juiz Ariel Lijo, que investiga a compra irregular da gráfica de impressão de dinheiro Ciccone, convocou Boudou a depor na próxima sexta-feira, depois que a defesa do vice-presidente solicitou a prorrogação da investigação.

O pedido tinha sido feito na sexta-feira passada, horas antes de Lijo indiciar Boudou alegando corrupção passiva e negociações incompatíveis com seu cargo, delitos puníveis com até seis anos de prisão.

De acordo com a notificação do juiz Lijo, divulgada pelo Centro de Informação Judicial, em virtude do direito do acusado “a declarar quantas vezes quiser; sempre que sua declaração seja pertinente e não apareça apenas como um procedimento dilatório ou perturbador”, está fixada uma nova audiência para a próxima sexta-feira.

O vice-presidente é acusado de ter aceitado 70% das ações da Ciccone Calcográfica em 2010, quando era ministro da Economia, em troca de ajudar à empresa a suspender um pedido de falência solicitado pela Receita Federal por dívidas impositivas.

Segundo o juiz, Boudou teria atuado junto a José María Núñez Carmona, empresário e seu amigo, e Alejandro Vandenbroele, da The Old Fund, empresa que ficou com a gráfica.

Lijo também indiciou os donos da Ciccone por supostamente oferecer a venda de ações em troca de serem salvos da falência e de pactuar contratos com o Estado para imprimir cédulas e documentos. Além disso, processou um ex-chefe de assessores da Receita que supostamente facilitou um plano de pagamentos para suspender a quebra.

Conforme antecipou hoje o procurador do caso, Jorge Di Lello, em declarações para uma emissora de rádio, a Justiça argentina não elevará a causa a julgamento oral antes da segunda metade de 2015.

Tanto a presidente argentina, Cristina Kirchner, quanto os demais membros do governo evitaram defender expressamente o vice-presidente após seu processo.

De acordo com o que confirmaram à Agência Efe fontes oficiais, o vice-presidente voltará hoje ao país após permanecer quase uma semana no exterior, em visita oficial a Cuba e Panamá.

Enquanto isso, a oposição insiste em pedir o afastamento de Boudou do cargo de vice-presidente, que, além disso, é o titular do Senado.

Em nome da oposição, o senador radical Gerardo Morales enviou hoje uma nota a Boudou reivindicando uma licença até que sua situação judicial seja definida.

Morales tornou público o conteúdo da nota ao falar na sessão plenária realizada hoje no Senado, presidida por Gerardo Zamora, um radical aliado do kirchnerismo e terceiro na linha de sucessão presidencial.

Como representante do governo, o senador Rodolfo Urtubey questionou o pedido de licença da oposição, ao considerar que não existe “condenação firme ou julgamento criminal” contra o vice-presidente que justifique ser afastado.

A oposição também fez pressão na Câmara dos Deputados, onde, graças à insistência, conseguiu com que o governo – majoritário em ambas as câmaras do Parlamento – convocasse para amanhã uma reunião da Comissão de Julgamento Político para analisar os 15 pedidos de processo para a destituição de Boudou.

A oposição quer investigar a suposta “responsabilidade política e institucional” de Boudou no caso Ciccone, “independentemente do que a Justiça faça”.

Os pedidos de julgamento político têm poucas probabilidades de avançar já que primeiro deveriam receber uma sentença positiva na comissão que se reunirá nesta quinta-feira, dominada pelo governo.

No caso de ser habilitado um processo deste tipo, são necessários dois terços dos votos do Senado para destituir o vice-presidente, e, nas condições atuais, a oposição deveria somar votos do governo para aprová-la. EFE

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