Congresso de Religiões é encerrado no Cazaquistão
Carmen Clara Rodríguez.
Astana, 11 jun (EFE).- O V Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais terminou nesta quinta-feira no Palácio da Paz e da Concordia de Astana, capital do Cazaquistão, um encontro no qual as palavras mais pronunciadas foram terrorismo, paz e tolerância.
A última sessão plenária foi aberta pelo rei Abdullah II da Jordânia, que se referiu a que “os muçulmanos estão enfrentando ataques de pessoas fora da lei, que utilizam nossa fé para tentar justificar crimes horríveis”.
Abdullah assegurou que “nada pode causar mais prejuízo aos muçulmanos que as ações destes elementos que manipulam em nome de Deus” e considerou que “é importante que se entenda que se trata de uma minoria”, já que os “muçulmanos somam 1,5 bilhão de homens e mulheres”.
“Cada religião tem seu próprio demônio e temos que reconhecê-lo”, disse o rei da Jordânia.
O tema dos refugiados esteve presente no discurso do rei jordaniano, que defendeu “uma ajuda internacional e a promoção de um futuro estável para estes”.
O secretário-geral da Osce, Lamberto Zannier, ressaltou a necessidade de continuar com o diálogo através dos organismos internacionais.
Além disso, considerou que “o extremismo que se justifica na religião está pervertendo os conceitos religiosos que se baseiam na paz”.
A sessão “Religião e Política: Novas tendências e perspectivas”, que aconteceu antes do encerramento do congresso e foi moderada pelo ex-ministro de Relações Exteriores espanhol Miguel Ángel Moratinos foi a reunião com maior afluência de público.
O diálogo aconteceu entre representantes de diferentes confissões: entre outros xiitas, sunitas, budistas e luteranos.
Ao fim do encontro o ex-ministro espanhol enumerou os principais pontos tratados: “Uma condenação unânime ao terrorismo ou extremismo; o desejo de uma convivência pacífica e próspera entre as diferentes comunidades e crenças religiosas”.
Os presentes consideraram que o diálogo e a tolerância não são suficientes.
Moratinos explicou que o diálogo tem que se concretizar em uma convivência, que segundo palavras do ex-ministro, não é o mesmo que uma coexistência, porque “conviver significa viver juntos”, esclareceu.
A moderação e o respeito foram termos usados por todos os conferencistas, que consideraram que as palavras não são suficientes.
“É preciso passar para a ação. Políticos e religiosos devem criar os elementos necessários para eliminar a frustração da sociedade”, disse o ex-ministro, dando como exemplo de frustração a situação que vive o povo palestino.
Outro dos pontos tratados se referiu ao papel da imprensa, especialmente a digital.
Os conferencistas destacaram que “uma manchete pode destruir a convivência”, embora tenham considerado os meios como “um aglutinador de culturas”.
O encontro, do qual participaram 80 delegações de 42 países, foi encerrado pelo presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que anunciou a criação de um museu da Paz em Astana e convidou os religiosos a participar do projeto.
Nazarbayev datou o próximo congresso das religiões em 2018, agradeceu a presença de todos e encorajou a “continuar elaborando um diálogo que contribua para criar uma sociedade melhor que a atual.” EFE
cla/ma
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