Consultas de paz para o Iêmen auspiciadas pela ONU estão em ponto morto

  • Por Agencia EFE
  • 17/06/2015 16h05

Genebra, 17 jun (EFE).- O processo de consultas de paz para o Iêmen, impulsionado na segunda-feira pela ONU, está em ponto morto, apesar dos esforços do mediador para que as partes aceitem entabular discussões essenciais que possam chegar, em uma primeira etapa, a uma trégua humanitária no terreno.

As negociações, que deviam ser realizadas com a mediação do enviado especial das Nações Unidas para o Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, na sede da ONU, nem sequer ocorreram até agora neste recinto pela recusa da delegação dos rebeldes xiitas houthis de reduzir o número de seus membros, conforme o estipulado previamente.

A delegação houthi está composta por 22 integrantes, mas a ONU lembrou que tinha sido estabelecido que cada delegação estaria integrada por um máximo de dez pessoas, incluindo três conselheiros.

A delegação enviada pelo presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, exilado na Arábia Saudita, cumpre com este critério e acusou os houthis de falta de vontade de dialogar.

Com este obstáculo sem resolver, Ould Sheikh Ahmed se reuniu novamente hoje com a delegação rebelde no hotel de Genebra onde esta está hospedada.

A delegação de Hadi se reuniu com o emissário nas dependências das Nações Unidas, onde além disso tinham sido realizados todos os preparativos para uma conferência do imprensa dos ministros iemenitas de Relações Exteriores, Riyad Yassin, e de Direitos Humanos, Ezzedin Al Asbahi, durante a tarde.

No entanto, ao entrar na sala, Yassin se desculpou com os jornalistas e disse que a entrevista coletiva não ocorreria para não pôr maiores impedimentos às consultas.

“Obrigado por vosso interesse. Estávamos a ponto de dar uma entrevista coletiva, mas como queremos que estas consultas tenham êxito, decidimos adiá-la até novo aviso”, disse.

No entanto, em uma declaração oferecida aos jornalistas que pediam algum comentário, Yassin deixou claro que os temas são complexos e serão difíceis de resolver.

“Exigimos que os rebeldes se retirem de todas as províncias para acordar um cessar-fogo”, disse.

Yassin recalcou que um dos pilares destas negociações é a resolução do Conselho de Segurança da ONU que estabelece que os houthis devem sair das cidades e entregar as armas.

O único ponto de coincidência entre as declarações de ambas as partes foi na necessidade de acordar uma trégua humanitária, de duas a quatro semanas, mas o governo insiste que para isto os houthis -que ganharam o controle da capital, Sana, de várias províncias e de partes de Áden, a segunda cidade de Iêmen- devem abandonar suas posições, o que parece muito pouco provável que possa ocorrer.

A ONU indicou que nestas consultas de paz participam distintas entidades políticas iemenitas, e não só governo contra houthis, razão pela qual na delegação dos primeiros há representantes de distintas facções políticas iemenitas que apoiam Hadi.

No lado dos houthis há igualmente delegados do Congresso Popular Geral, partido que esteve no poder durante três décadas até a saída do presidente Ali Abdullah Saleh, de quem Hadi era vice-presidente e substituiu de forma interina enquanto avançava-se em uma transição política que não tinha chegado muito longe quando aconteceu a rebelião houthi no ano passado.

Saleh e Hadi passaram a lados opostos, já que o primeiro agora apoia o movimento rebelde. EFE

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