“Contador de Auschwitz” nega ter participado da seleção de judeus

  • Por Agência EFE
  • 22/04/2015 16h12
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EFE O "contador de Auschwitz"

O “contador de Auschwitz”, Oskar Gröning, negou nesta quarta-feira ter interferido na seleção dos judeus que foram levados às câmaras de gás, um dia depois de admitir sua “cumplicidade moral” nos crimes desse campo de extermínio nazista.

Gröning, de 93 anos e que é acusado de cumplicidade na morte de 300 mil presos, rejeitou na segunda audiência de seu julgamento, perante o Tribunal de Lüneburg, estar “regularmente em serviço” no processo de seleção dos deportados considerados aptos para o trabalho e os que eram assassinados após a chegada ao campo.

Apenas em três ocasiões Gröning esteve na rampa onde havia essa diferenciação de categorias de presos em 1944, período no qual a Promotoria o acusa dos delitos, afirmou Gröning.

A acusação que foi aberta ontem se centra no papel do ex-contador durante a chamada “Operação Hungria”, durante a qual chegaram a Auschwitz (em território da Polônia) cerca de 425 mil deportados, dos quais aproximadamente 300 mil foram assassinados.

O processado, que entrou nas Waffen-SS de Hitler em 1941 e um ano depois começou a servir em Auschwitz, era o encarregado de confiscar os pertences dos que chegavam ao campo e de fazer chegar o dinheiro e os demais objetos de valor a Berlim.

A Promotoria considera que, com isso, o contador contribuiu para financiar a maquinaria da morte do Terceiro Reich.

O julgamento penal foi aberto com uma confissão na qual o contador admitiu sua responsabilidade moral e afirmou saber desde sua chegada ao campo sobre a existência das câmaras de gás que eram usadas para assassinar imediatamente os deportados muito frágeis para ser utilizados como trabalhadores.

Na segunda audiência, seguiu o depoimento do acusado e começaram os primeiros discursos das testemunhas, algumas deles sobreviventes ou familiares das vítimas.

Uma dessas sobreviventes, Eva Kor, de 81 anos e que perdeu vários parentes em Auschwitz, estendeu a mão ao acusado em um gesto de reconciliação.

Junto a sua irmã gêmea, Kor foi alvo de alguns experimentos médicos realizados no campo de concentração.

O julgamento de Gröning esteve precedido por declarações de testemunhas procedentes dos EUA, Israel e Hungria que lamentavam a lentidão da justiça alemã.

O precedente imediato do julgamento foi a condenação a cinco anos de prisão ditada em 2011 contra o ucraniano John Demjanjuk, que foi guarda voluntário no campo de Sobibor, também na Polônia ocupada.

Com essa sentença, foi criada uma jurisprudência para julgar, por crimes de guerra, não só os que intercederam diretamente nestes, mas também os considerados cúmplices de maquinaria da morte nazista.

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