Contratempos atrasam início das conversas de paz para o Iêmen

  • Por Agencia EFE
  • 15/06/2015 13h07

Isabel Saco

Genebra, 15 jun (EFE).- Contratempos de última hora atrasaram o início das conversas de paz para o Iêmen auspiciadas pela ONU, que alertou para o fato de que “a existência deste país está em jogo” pelo conflito armado entre forças leais ao governo no exílio e o movimento insurgente dos houthis.

Uma delegação do governo exilado na Arábia Saudita, país que desde o final de março lidera uma coalizão que bombardeia alvos dos xiitas houthis, chegou ontem, domingo, a Genebra para estas negociações.

Enquanto isso, algumas ameaças colocaram em dúvida a vontade dos rebeldes de participar deste esforço para encontrar uma saída negociada à violência em um dos países mais pobres do mundo, rodeado de ricas monarquias petrolíferas.

A delegação houthi, que devia embarcar para a Suíça no sábado, viajou no domingo, mas fez uma escala inicial em Djibuti, onde seus integrantes ainda estavam na manhã de hoje, segundo confirmou um porta-voz da ONU.

Nesse sentido, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tentou acalmar as vozes que já falavam de um fracasso das negociações antes que estas começassem e assegurou que o atraso ocorreu por questões “puramente logísticas”.

Fontes próximas à delegação enviada pelo governo exilado disseram que o problema radicava no fato de que os houthis enviaram às negociações cerca de 25 representantes, um número muito maior que o previsto.

Essas mesmas fontes asseguraram que tinha sido acordada a participação de sete delegados e dez assessores.

A ONU declinou até agora dar detalhes sobre a composição das delegações, o número de representantes de cada parte, o formato das reuniões e a duração das mesmas por conta das dificuldades para que as partes aceitassem se reunir e suas constantes mudanças de opinião.

O governo iemenita inclusive tinha anunciado a presença em Genebra do exilado presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi, que no final decidiu enviar seu ministro das Relações Exteriores, Reyad Yassin Abdullah, como chefe de delegação.

Para participar da primeira parte destas consultas, Ban Ki-moon foi a Genebra também, mas teve que retornar hoje a Nova York para cumprir com sua agenda, não sem antes advertir que é urgente e imprescindível encontrar uma solução rápida para crise no Iêmen.

“Os enfrentamentos estão dando força a alguns dos grupos terroristas mais cruéis do mundo. A região não pode suportar outra ferida aberta como na Síria e Líbia”, enfatizou.

“A existência do Iêmen está em jogo”, advertiu o responsável da ONU antes de abandonar a sede de Genebra e deixar as consultas em mãos de seu enviado para o Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, que atuará como mediador.

De maneira urgente, Ban pediu às partes que acordem uma nova trégua humanitária de duas semanas para permitir a entrada de ajuda vital destinada aos civis já que começará, dentro de três dias, o mês de jejum muçulmano, o que o ministro Reyad considerou pouco provável.

Em declarações aos jornalistas, Reyad reagiu a tal pedido dizendo que o governo que representa pode discutir um cessar-fogo temporário com os houthis, sempre e quando estes retirem suas forças das cidades, algo que também pediu o secretário-geral da ONU.

Além disso, o representante do governo iemenita -o único reconhecido internacionalmente- disse que outra reivindicação é que os rebeldes xiitas libertem milhares de pessoas que viraram prisioneiras, entre as quais figuram ministros e outros altos cargos públicos.

O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU afirmou que, de uma população de cerca de 25 milhões de pessoas, 20 milhões precisam de ajuda humanitária para sobreviver.

O conflito piorou desde o final de março, com a entrada em cena da Arábia Saudita à frente de uma coalizão militar árabe e sunita.

As hostilidades já deixaram mais de 2,6 mik mortos, a metade deles civis, além de um milhão de deslocados internos. EFE

is/ff

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