Controle de fronteiras na Europa é necessário, mas difícil, afirma deputado franco-brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2015 16h24
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Divulgação Deputado na França

Quase uma semana após os atentados que mataram 129 pessoas em Paris, capital da França, o deputado Eduardo Rihan-Cypel, brasileiro do Rio Grande do Sul, disse, em entrevista exclusiva à Jovem Pan, ser muito cedo para falar sobre alguma falha ou erro de segurança do país contra ameaças terroristas.

Para ele, é necessário analisar a situação com frieza e serenidade. “Hoje, a prioridade é lutar contra a ameaça que existe. Ontem levamos uma operação muito violenta em Saint-Denis. Foi uma intervenção das forças especiais de segurança francesas”, explicou Cypel sobre a atuação das unidades de elite RAID e BRI.

A ação acabou na morte de dois terroristas, entre eles uma mulher-bomba, e a prisão de sete suspeitos, conforme confirmado pelo ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve. Nesta quinta-feira (19), a Promotoria parisiense confirmou a morte do belga Abdelhamid Abaaoud, considerado o mentor intelectual dos atentados em Paris.

Abaaoud viajou para a Síria em 2014 para se unir ao grupo extremista Estado Islâmico, no entanto, as autoridades sabiam de seu regresso à Europa pelo menos uma vez. Questionado sobre uma possível falha de segurança, o deputado franco-brasileiro alegou a dificuldade no controle de acesso de pessoas aos países europeus.

“Esse principal suspeito, que agora temos a confirmação de que foi eliminado, estava antigamente na Síria. A questão que se coloca é da capacidade desse indivíduo de poder circular na Europa. Temos que analisar como ele chegou na França. É muito difícil de poder controlar pessoas que são profissionais”, disse.

Logo após os ataques, o presidente François Hollande declarou na madrugada de sexta-feira (13) para sábado (14), controles permanentes nas 132 passagens fronteiriças, bem como no controle reforçado em trens e aeroportos. “Já colocamos controles nas nossas fronteiras interiores, o que é raríssimo e que prevê o Acordo de Schengen* (…) As pessoas têm capacidade de dissimulação. Esses terroristas são pessoas treinadas”, ressaltou.

Entre as táticas utilizadas para a entrada em países da Europa, Eduardo Rihan-Cypel destacou a dissimulação física bem como o uso de passaportes falsos ou passaportes verdadeiros falsificados. “Vamos ter que esclarecer como isso foi possível e tomar as medidas necessárias e diminuir a capacidade que terroristas têm de circular pela Europa”.

Ainda nesta quinta, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls discursou na Assembleia Nacional para reivindicar a adoção rápida do dispositivo de registro de passageiros aéreos, a PNR. De acordo com Cypel, a questão ainda está bloqueada no Parlamento europeu e seria eficiente para acompanhar o deslocamento de passageiros pela Europa como um todo.

“O PNR pode ser partilhada entre todos os países da União Europeia, para que s epossa saber quem entrou e quem saiu de cada país”, disse. O primeiro-ministro francês afirmou ainda que “já é hora de a Europa adotar o texto sobre o PNR que garanta o acompanhamento dos deslocamentos, inclusive no interior da UE. É uma condição para nossa segurança coletiva”.

Terroristas infiltrados na entrada de refugiados 

“Há a possibilidade [da entrada inflitrada]. É até uma estratégia do Estado Islâmico de se infiltrar no fluxo de imigrantes. Vamos acentura todos os controles para saber quem recebemos em solo nacional. Há uma realidade e uma verdade que não tem como negar: a Europa tem que controlar as fronteiras exteriores de forma muito mais radical, para evitar a penetração de individuos perigosos”, ressaltou Cypel.

*Acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários. São 30 países, incluindo todos os integrantes da União Europeia (exceto Irlanda e Reino Unido) e três países que não são membros da UE (Islândia, Noruega e Suíça), que assinaram o acordo de Schengen.

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