Conversas para formar governo palestino começarão neste domingo, diz Hamas

  • Por Agencia EFE
  • 04/05/2014 22h59

Gaza, 3 mai (EFE).- As conversas para a formação de um governo palestino transitório de unidade com jurisdição na Cisjordânia e na Faixa de Gaza serão iniciadas a partir de amanhã, anunciou neste sábado um destacado dirigente do grupo islamita Hamas.

Em entrevista coletiva, realizada hoje em Gaza, o líder islamita Moussa Abu Marzuk adiantou que o representante da delegação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para a reconciliação com o Hamas, Azam Al Ahmad, já se encontra a caminho da faixa.

“Al Ahmad chegará a Gaza para iniciar uma série de conversas e consultas para encaminhar a formação do governo transitório de unidade, que deve se no prazo de quatro semanas”, assegurou Abu Marzuk.

No último dia 23 de abril, o Hamas, que tomou o controle da Faixa de Gaza pela força em 2007, e uma delegação da OLP concordaram em colocar em prática todos os acordos prévios de reconciliação, como o do Cairo, em 2011, e do Catar, em 2012.

A divisão política e geográfica dos territórios palestinos se manteve nos últimos sete anos, com a Faixa de Gaza governada pelo Hamas e a Cisjordânia sob um executivo leal à Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, líder da facção rival Fatah.

Durante a coletiva, Abu Marzuk assegurou que seu movimento insiste na aplicação de todos os acordos e entendimentos alcançados entre os grupos rivais para acabar com a divisão interna, expressando sua confiança em superar os obstáculos que possam obstruir as implementações.

Após chegar à faixa vindo da capital egípcia e pouco depois da assinatura do acordo com a OLP na residência do primeiro-ministro islamita em Gaza, Ismail Haniyeh, Abu Marzuk foi claro ao dizer que o “Hamas rejeitará o reconhecimento de Israel”.

Na ocasião, Abu Marzuk evitou falar se o Hamas aceitará que o novo governo transitório de unidade estará de acordo com as três exigências que a comunidade internacional fez ao grupo islamita depois da vitória nas legislativas palestinas de 2006 para reconhecer sua legitimidade: reconhecer o estado de Israel, os acordos assinados pelos palestinos e o fim da atividade armada.

“O Hamas não aceitou assinar ou implementar essa reconciliação porque seria frágil. Nunca aceitará Israel e seu braço armado não deixará as armas”, respondeu o dirigente islamita.

Suas palavras contradizem as afirmações do próprio Abbas, que liderará o novo governo transitório durante seis meses até que se realizem eleições gerais e que assegurou recentemente que o novo executivo respeitará os requerimentos internacionais.

Neste caso, Abu Marzuk insistiu que o Hamas não decidiu assinar ou pôr em prática os acordos de reconciliação sob pressão política ou financeira e precisou que o novo governo terá personalidade temporária e se limitará a oferecer serviços.

“O novo governo não estará envolvido em política, tem uma missão e esta acabará com a fixação de um acordo para a realização de eleições”, concluiu. EFE

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