Copé renuncia da UMP por escândalo que ameaça candidatura de Sarkozy

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2014 10h54
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Paris, 27 mai (EFE).- O presidente da União por um Movimento Popular (UMP), Jean-François Copé, renunciou nesta terça-feira de seu cargo por seu envolvimento em um escândalo de suposto financiamento irregular da campanha em 2012 do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.

Segundo informaram vários dirigentes da formação, Copé aceitou, durante a reunião do comitê executivo, deixar o cargo de forma efetiva em 15 de junho em reunião da mesa política da UMP na Assembleia Nacional, mas não se irá só, mas com toda a direção.

A crise se tentará estancar com “um congresso de refundação” do partido em outubro e daqui até lá a direção interina correrá a cargo de três ex-primeiros-ministros: François Fillon, Alain Juppé e Jean-Pierre Rafarin.

A ex-ministra Valérie Pécresse apresentou aos jornalistas a solução como uma forma de “assumir a responsabilidade por uma família política que falhou coletivamente”.

O escândalo tem sua origem no gabinete de comunicação Bygmalion, criado por dois colaboradores próximos de Copé, Bastien Millot e Guy Alvès, que segundo reconheceu ontem através de seu advogado, emitiu faturas de mais de 10 milhões de euros a conta da UMP, que na realidade correspondiam à campanha presidencial de 2012, na qual Sarkozy foi derrotado.

De acordo com a versão do advogado de Bygmalion, Patrick Maisonneuve, essa montagem se organizou para encobrir o fato de que Sarkozy superou amplamente o limite legal de despesas de campanha, que apesar de tudo valeu à UMP uma sanção do Conselho Constitucional em julho de 2013 de 11 milhões de euros.

O diretor adjunto dessa campanha do ex-chefe do Estado, Jérôme Lavrilleux, reconheceu ontem a manipulação de faturas, mas tentou tirar a culpa tanto Copé como Sarkozy, que “não foram informados” sobre isso.

A veracidade da tese foi posta em dúvida hoje pela presidente da Frente Nacional (FN), Marine le Pen, vencedora no domingo das eleições europeias com 25% dos votos.

“Nicolas Sarkozy gastou o dobro do teto legal”, “enganou” e “que ninguém venha a me dizer que o chefe da UMP e o candidato não estavam sabendo”, declarou Marine.

Segundo Marina, “a legitimidade do resultado” do primeiro turno das presidenciais de 2012, do qual ela foi eliminada, “está questionada”.

“Se esses fatos forem comprovados (…) Nicolas Sarkozy está totalmente desqualificado” e “de fato é questionada” a legitimidade desse pleito, reiterou o líder da extrema direita, que em qualquer caso descartou apresentar agora um recurso para invalidá-la.

No entanto, acrescentou que quer “que todos os franceses sejam conscientes de que Sarkozy fez armadilhas”, porque as regras “devem ser iguais para todos”.

Os policiais da brigada financeira fizeram revistas ontem nos escritórios de Bygmalion, na sede da UMP e nos locais da associação da associação política de Copé. EFE

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