Corais do Caribe podem desaparecer nos próximos 20 anos

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2014 14h35
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Genebra, 2 jul (EFE).- A sobrevivência dos corais do Caribe está fortemente ameaçada e o que resta, em apenas um sexto dos recifes de corais originais, pode desaparecer em 20 anos, adverte o mais completo relatório publicado até o momento sobre o tema.

O crescimento explosivo da população, a pesca excessiva, a poluição das regiões litorâneas, o aquecimento global e as espécies invasoras são as principais razões para a ameaça de extinção da espécie, conforme concluiu a pesquisa feita conjuntamente entre o Programa da ONU para o Meio Ambiente e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) com a participação de 90 pesquisadores, que concordam em que mais da metade dos corais do Caribe desapareceram desde os anos 70.

“O ritmo de diminuição dos corais do Caribe é realmente alarmante”, declarou o diretor de Programa Global Fuzileiro Naval do UICN, Carl Gustaf.

No entanto, os corais não estão jogados a sorte, assegura o relatório, que afirma que a reintrodução de peixe-papagaio (espécie herbívora) e a melhoria da gestão do habitat podem salvá-los.

A perda desse peixe – por pesca excessiva no século passado -, assim como de ouriços-do-mar – devido a uma doença desconhecida que os dizimou no século XX – é considerada uma das causas da perda de corais no Caribe. A forte diminuição destas espécies quebrou o delicado equilíbrio do ecossistema dos corais e permite às algas, das que normalmente os corais se alimentam, afogar os recifes.

Para mudar isso, é preciso uma proteção frente à pesca excessiva e à poluição dos litorais, que poderiam ajudar à recuperação dos recifes e fazê-los mais resistentes frente à mudança climática, que provoca um aumento na temperatura dos mares. Este último fenômeno tinha sido considerado como a causa principal da degradação dos corais devido ao aumento no nível de acidez dos oceanos causando seu branqueamento ou perda de pigmentação.

A pesquisa, baseada na análise de mais de 35 mil mostras em 90 lugares diferentes do Caribe, corrobora também que os corais protegidos da pesca excessiva e a poluição litorânea (pelo turismo ou o desenvolvimento de infraestruturas) suportam melhor a mudança climática.

De outra parte, se conseguiu determinar que as populações mais saudável de corais estão em áreas onde se proibiu ou limitou qualquer atuação que possa prejudicar os peixes-papagaio, como no santuário nacional marinho dos Estados Unidos, Flower Garden Banks, na região norte do Golfo do México, Bermuda e Bonaire. O relatório encoraja medidas como a tomada em Barbuda, que está preparando o plano de gestão para transformar uma terceira parte de suas águas litorâneas em reservas marinhas.

As zonas do Caribe onde os corais mais diminuíram correspondem à Jamaica e toda a extensão do recife da Flórida, desde Miami até Key West, assim como as Ilhas Virgínia (EUA). O Caribe abriga 9% dos corais de todo o mundo, que no total vive em águas de 38 países, onde sua existência gera importantes rendas às povoações locais através da pesca, o turismo e outros serviços. A pesca artesanal, que é uma atividade essencial para a economia de vários países caribenhos, é considerada de efeitos “catastróficos” para os corais. EFE

is/cdr

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