Coreia do Norte liberta os dois últimos americanos presos no país

  • Por Agencia EFE
  • 08/11/2014 19h41

(Atualiza com declarações do presidente dos EUA, Barack Obama, sobre a libertação).

Raquel Godos.

Washington, 8 nov (EFE).- A Coreia do Norte libertou neste sábado Kenneth Bae e Matthew Todd Miller, os dois últimos cidadãos americanos que ainda tinha em seu poder e que estavam presos no país há dois anos e sete meses, respectivamente.

O escritório do Diretor Nacional de Inteligência dos Estados Unidos (DNI, em inglês), James Clapper, oficializou a libertação de ambos em comunicado neste sábado, poucos dias semanas depois que Pyongyang permitiu o retorno do também americano Jeffrey Fowle.

“”Podemos confirmar que os cidadãos americanos Kenneth Bae e Matthew Todd Miller receberam permissão para abandonar a República Popular Democrática de Coreia e estão a caminho de casa acompanhados pelo diretor Clapper para se reunir com suas famílias”, afirmou a nota do gabinete.

O governo americano, que facilitou o retorno de ambos os cidadãos ao país, elogiou na nota a decisão de Pyongyang ao libertá-los e agradeceu aos aliados internacionais, “especialmente ao governo da Suécia, pelos incansáveis esforços para ajudar a garantir a libertação”.

“A segurança e o bem-estar dos cidadãos americanos no exterior é a prioridade mais alta do Departamento de Estado e os EUA pediram há muito tempo para que as autoridades da Coreia do Norte libertassem os cidadãos por razões humanitárias”, disse em outra declaração a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

Psaki também agradeceu a Clapper por sua participação e “compromisso” no processo de negociação com as autoridades norte-coreanas para o êxito da operação.

Horas mais tarde, o presidente americano, Barack Obama, deu as boas-vindas à libertação dos dois cidadãos americanos e também enfatizou os esforços do Diretor Nacional de Inteligência pelo envolvimento no caso.

“É um dia maravilhoso para eles e suas famílias. Obviamente estamos muito agradecidos por seu retorno seguro e dou as graças ao diretor Clapper, que fez um grande trabalho no que era uma missão muito complexa”, comentou o líder em declarações aos jornalistas durante a indicação de Loretta Lynch, como a próxima procuradora-geral do país.

Condenado a trabalhos forçados na Coreia do Norte, Bae completou dois anos no país no dia 3 de novembro. Missionário protestante de 46 anos e origem sul-coreana, foi detido em 3 de novembro de 2012 enquanto fazia trabalhos de divulgação religiosa, embora tenha sido condenado pelo regime norte-coreano por “tentativa de derrubar o regime”.

Miller foi condenado em setembro a seis anos de trabalhos forçados pela Corte Suprema do país por considerar que cometeu “atos hostis” contra Coreia do Norte, onde foi retido há sete meses. O jovem, de 24 anos, viajou como turista para Pyongyang e foi detido em 26 de abril por “comportamento agressivo”.

A informação divulgada afirmava que, apesar de contar com um visto de turista na regra, Miller “o rasgou em pedaços e gritou que solicitaria asilo” no país asiático.

A Coreia do Norte libertou outro cidadão americano em 21 de outubro, Jeffrey Fowle, e afirmou que a ação respondia às “pedidos” do presidente Barack Obama.

No caso de Fowle, sua prisão ocorreu em maio, depois que as autoridades norte-coreanas o acusassem de deixar uma bíblia no quarto de seu hotel.

Tanto Fowle como Miller viajaram como turistas, como centenas de americanos que continuam indo ao fechado país comunista, apesar de o governo de Obama ter recomendado não fazer essa viagem por motivos de segurança.

Nos últimos cinco anos, oito cidadãos americanos foram presos pelas autoridades de Pyongyang, provocando complexas negociações diplomáticas para conseguir as libertações.

Em 2009, graças à mediação do ex-presidente americano Bill Clinton, a Coreia do Norte libertou duas jornalistas americanas presas por entrada ilegal e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados, enquanto em 2010 Jimmy Carter participou das negociações para libertar Aijalon Mahli Gomes, condenado a oito anos por também entrar ilegalmente no país. EFE

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