Coreias buscam acordo sem deixar de lado preparação para um novo conflito
Atahualpa Amerise.
Seul, 23 ago (EFE).- Coreia do Norte e Coreia do Sul buscam neste domingo, na segunda rodada de diálogo de alto nível entre os dois governos, solucionar a recente crise militar, enquanto os exércitos de ambos os países seguem reforçando os preparativos de combate em um ambiente marcado pela tensão.
Quatro dos mais importantes representantes dos dois países se reuniram às 15h30 locais (3h30 em Brasília) na Aldeia da Trégua de Panmunjom, em um crucial encontro que deve se prolongar assim como a reunião do sábado, que foi concluída na madrugada após mais de dez horas de negociação sem que as partes chegassem a um acordo.
Apesar de o diálogo ter ocorrido a portas fechadas e detalhes sobre o conteúdo das conversas não ter sido divulgado, acredita-se que um dos principais e mais conflituosos assuntos seja os alto-falantes sul-coreanos que fazem propagandas contra o regime de Kim Jong-un na fronteira entre os dois países.
Como uma espécie de vingança pela estratégia de “guerra psicológica” de Seul, Pyongyang disparou na última quinta-feira um projétil contra uma unidade militar do país vizinho. O ataque foi respondido com até 30 rodadas de disparos de artilharia, sem que nenhuma das partes registrasse danos pessoais ou materiais.
Após o incidente, a Coreia do Norte ameaçou o país vizinho com um ataque caso os alto-falantes não fossem desligados, o que gerou a maior crise militar em dois anos, obrigando ambas as partes a convocar a reunião de alto nível em Panmunjom.
Apesar de o encontro das autoridades ter suspendido temporariamente a possibilidade de um conflito bélico, as tropas tanto do Norte como do Sul seguem reforçando posições e se preparando para um combate iminente, mantendo o nível máximo de tensão.
No caso de Pyongyang, mais de 50 submarinos militares saíram dos estaleiros e estão se movimentando pelas águas da Península da Coreia. O número de tropas de artilharia preparadas para o combate na fronteira duplicou, segundo Seul.
O governo da Coreia do Sul também mantém seus militares prontos para responder a qualquer agressão junto com as tropas dos Estados Unidos, que mantém um contingente de 28.500 homens no país.
Além disso, Seul ordenou hoje o retorno, uma semana antes do previsto, de seis caças F-16 que estavam no Alasca para participar de um exercício militar, o que mostra a seriedade da situação.
Mesmo com os pedidos de Pyongyang, os alto-falantes sul-coreanos seguem operando em todo vapor na fronteira.
Em todo caso, os analistas sul-coreanos destacam que uma escalada bélica não interessa a nenhuma das partes. Por isso, foram enviados às negociações veteranos políticos do primeiro escalão, com mais capacidade de manobra para pactuar o fim das hostilidades.
Representam a Coreia do Sul o diretor do Escritório de Segurança Nacional, Kim Kwan-jin, e o ministro da Unificação, Hong Yong-pyo. Pelo Norte, participam o vice-marechal do Exército Popular, Hwang Pyong-so e o diretor do Departamento da Frente Unida do Partido dos Trabalhadores, Kim Yang-gon.
O influente Kwan-jin, conhecido por uma postura dura em relação ao país vizinho, impôs em 2010 importantes sanções ao país comunista – então como ministro da Defesa. Também foi responsável por reforçar substancialmente a capacidade de combate do Exército do país.
Pelo lado norte-coreano, Pyong-so, diretor do escritório político do Exército Popular, foi conselheiro do líder Kim Jong-un e é considerado como o “número dois” na hierarquia de Pyongyang.
Já Yong-pyo e Yang-gon são os principais responsáveis das relações entre os governos sul-coreano e norte-coreano, respectivamente. EFE
aaf/lvl
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