“Correria” causou morte de torcedores egípcios, segundo legista

  • Por Agencia EFE
  • 12/02/2015 14h49
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Cairo, 12 fev (EFE).- Uma “correria” foi a “única causa da morte” de 20 torcedores no Cairo no domingo passado antes da partida entre Zamalek e ENPPI, equipes da primeira divisão do campeonato de futebol local, disse nesta quinta-feira o diretor-geral do Centro de Anatomia Legista do país, Hisham Hamid.

Todas as mortes foram causadas por “intensos empurrões” entre os torcedores que causaram “pressão e contusão” no peito e nos pulmões, e em outras partes do corpo das pessoas, que não puderam se movimentar e morreram por asfixia, acrescentou Hamid.

Em entrevista coletiva recolhida pela agência estatal de notícias “Mena”, Hamid assegurou que o relatório médico final, com todos os casos de morte perto do estado da defesa Aérea, foi entregue ontem à Promotoria.

Hamid negou que algumas mortes teriam acontecido por tiros, golpes com paus e cassetetes, ou asfixia por gás lacrimogêneo lançados pela Polícia, e reiterou que todas as mortes aconteceram por uma “grave correria”.

Sobre os três casos que inicialmente um médico certificou que acontecerem por asfixia como consequência do gás lacrimogêneo, Hamid assegurou que “a investigação revelou que tais relatórios foram assinados sob pressão e ameaça dos pais das vítimas”.

O o legista advertiu que sua equipe “não trabalha sob nenhum tipo de pressão” e lamentou que as mortes por correria “não são uma coisa nova no mundo”, mas já ocorreram em situações como a peregrinação a Meca ou jogos de futebol na Argentina e no Peru.

Dezoito ONGs egípcias responsabilizaram há dois dias o Ministério do Interior por estas mortes e disseram que o uso de gás aumentou a pressão e os empurrões dos torcedores que tentavam “escapar da asfixia”, a que a Polícia respondeu com mais gás lacrimogêneo, o que causou “mais pressão”, disseram.

A partida entre Zamalek e ENPPI foi disputada apesar dos distúrbios.

O Ministério de Interior egípcio acusou então os seguidores das equipes de ter tentado entrar no estádio pela força e sem ingresso, enquanto os torcedores do Zamalek culparam a Polícia de fechar os acessos ao local com cercas e jogar gás lacrimogêneo contra os que pretendiam assistir à partida.

Em outras ocasiões foram registrados distúrbios antes e durante jogos de futebol, mas os do domingo foram os mais graves desde que em 1º de fevereiro de 2012 74 pessoas morreram e 254 ficaram feridas em choques no estádio de Port Said entre os torcedores do clube local e do Al Ahly.

Esses fatos sem precedentes no Egito levaram as autoridades a proibir a entrada de público nos estádios, embora nos últimos meses essa medida tenha sido parcialmente suspensa. EFE

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