Corrupção inflama último debate antes das eleições
Manuel Pérez Bella.
Rio de Janeiro, 25 out (EFE).- O tema da corrupção inflamou o último debate transmitido pela televisão antes do segundo turno das eleições presidenciais com os dois candidatos que vão se enfrentar nas urnas no domingo, a atual presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB).
Os escândalos de desvio de dinheiro público que nos últimos anos atingiram tanto o governo brasileiro como os estados comandados pela oposição permearam as discussões e propiciaram os momentos mais tensos entre os candidatos.
O debate exibido pela “Rede Globo” também tocou em outras questões que incendiaram a campanha, como a crise econômica, a precariedade da educação e da saúde pública e as políticas sociais, principal trunfo de Dilma, que está seis pontos percentuais à frente de Aécio nas últimas pesquisas de intenção de voto.
O candidato tucano, que foi sorteado para fazer a primeira pergunta, abriu fogo perguntando diretamente a Dilma se, como publicou hoje a revista “Veja”, ela e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, sabiam que havia na Petrobras uma vasta rede de corrupção.
“Essa revista, que faz uma oposição sistemática, publica uma calúnia dessa dimensão sem nenhuma prova, e o senhor endossa essa denúncia”, respondeu Dilma, que afirmou estar “indignada” com a acusação.
A presidente afirmou que essa mesma acusação “desaparecerá” na segunda-feira, logo depois das eleições, mas prometeu manter o processo que anunciou que abrirá contra a “Veja”. Em um claro gesto para os militantes do PT, partido que está no centro da espiral de denúncias, Dilma vestiu uma jaqueta vermelha.
A corrupção voltou ao debate outras três vezes – a segunda, por meio de um eleitor indeciso que, segundo as regras do debate, foi convidado por sorteio e teve a oportunidade de perguntar aos candidatos.
Dilma apresentou uma lista de cinco propostas para combater a corrupção, incluindo medidas contra a impunidade e uma reforma para acabar com o financiamento privado das campanhas políticas, o que considerou uma vergonha.
Aécio acusou Dilma de não ter tido “interesse” em combater a corrupção e sustentou que a principal medida para acabar com os desvios de recursos públicos é “tirar o PT do governo”, frase que gerou aplausos em parte da arquibancada de convidados, imediatamente repreendidos pelo moderador.
Em outro momento do debate, Aécio recuperou o escândalo do mensalão. Dilma rebateu relembrando os escândalos de corrupção durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e, recentemente, nos governos de São Paulo e Minas Gerais em administrações tucanas.
Aécio ainda acusou Dilma de “fracassar” na política econômica, “afugentar” os investidores e ter transformado o Brasil “em um cemitério de obras inacabadas” causado pelos problemas de gestão e planejamento.
Dilma fez uma veemente defesa de suas políticas sociais e insinuou que Aécio não dará continuidade, argumentando que o PSDB se opôs “sistematicamente” a dar subsídios aos pobres quando esteve no governo, entre 1995 e 2003.
Nas alegações finais, Dilma defendeu que ela representa “o Brasil do amor, da esperança e da união” e que tem um “olhar especial” para as mulheres, os negros e os jovens. “Lutamos tanto para melhorar de vida e não vamos permitir que ninguém tire o que conquistamos”, afirmou a presidente aos telespectadores.
Já Aécio concluiu se apresentando como “o candidato da mudança” e pediu o voto do cidadão para fazer um governo baseado em “valores e na eficiência do estado”. EFE
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