Corte egípcia rejeita recurso de jornalista australiano da “Al Jazeera”
Cairo, 30 jan (EFE).- Um tribunal do Cairo rejeitou o recurso apresentado pelo jornalista australiano da “Al Jazeera” Peter Greste por detenção sem acusações durante um mês, informou nesta quinta-feira a emissora do Catar.
Segundo o canal, Greste e outros quatro funcionários da “Al Jazeera” permanecem detidos na capital egípcia e nenhum dos cinco recebeu uma notificação oficial das acusações contra eles.
Dessa forma, a emissora desmentiu, em comunicado, a informação divulgada ontem pelas autoridades, que disseram que 20 jornalistas da “Al Jazeera”, 16 egípcios e 4 estrangeiros, serão julgados por divulgar uma imagem falsa do país e por delitos relacionados ao terrorismo.
“Não temos conhecimento de outros funcionários que estejam sendo perseguidos pelas autoridades e atualmente não temos jornalistas neste país”, disse “Al Jazeera”.
Um porta-voz do canal reiterou que as acusações contra os profissionais são “absurdas e falsas” e considerou que se trata de um “ataque à liberdade de expressão, ao direito dos jornalistas de informar e ao direito dos cidadãos de saber o que acontece”.
Com Greste, foram presos em dezembro passado o egípcio com passaporte canadense Mohammed Fahmy e o egípcio Baher Mohammed, enquanto permanecem detidos desde agosto o cinegrafista Mohammed Badr, que trabalhava para o canal da “Al Jazeera” ao vivo para o Egito, e Abdallah al Shami, do canal em árabe.
Ontem, a Procuradoria Geral do Egito ordenou que um tribunal penal julgue 20 jornalistas, entre eles Greste, indiciados pela divulgação de notícias “falsas” sobre o país e por incitação contra o povo egípcio, entre outras acusações.
Segundo investigações da promotoria, os 16 jornalistas egípcios pertencem a um “grupo terrorista” – em referência indireta à Irmandade Muçulmana – que pretende “violar as leis, impedir o funcionamento das instituições, atentar contra as liberdades individuais, prejudicar a união nacional e a paz social, e adotar o terrorismo como meio de obter seus objetivos”.
Enquanto isso, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e outras organizações de direitos humanos denunciaram as recentes detenções e ataques sofridos por vários profissionais da comunicação, egípcios e estrangeiros, e ressaltaram que o Egito é um dos países mais perigosos para os repórteres.
Em meio à campanha contra a imprensa, o Sindicato dos Jornalistas do Egito condenou na terça-feira as prisões e pediu o fim dos ataques da polícia e dos manifestantes contra os jornalistas. EFE
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