Credores dão prazo indefinido à Odebrecht Óleo e Gás

  • Por Estadão Conteúdo
  • 31/05/2016 10h57
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A general view of the headquarters of Odebrecht, a large private Brazilian construction firm, in Sao Paulo in this November 14, 2014 file photo. Brazilian police on June 19, 2015, arrested Marcelo Odebrecht, the head of Latin America's largest engineering and construction company Odebrecht SA, local media said, pulling the most high-profile executive into the corruption investigation at state-run oil firm Petrobras. Federal officers had orders to arrest a total of 12 people in four states and bring them to the southern city of Curitiba where the investigation is based, according to a federal police statement that did not give the names of the detained. REUTERS/Paulo Whitaker/Files Reuters Odebrecht

Os credores da Odebrecht Óleo e Gás (OOG) concederam um prazo quase que “indeterminado” para a empresa apresentar um plano de reestruturação de sua dívida de US$ 4 bilhões, ou cerca de R$ 14 bilhões. Os detentores de bônus externos e os bancos Bradesco e Banco do Brasil vão esperar até que seja fechado um acordo entre a empresa e a Petrobras, que está renegociando as condições dos contratos com seis navios-sonda da companhia. 

A situação da empresa de óleo e gás do grupo Odebrecht começou a se deteriorar depois que a própria Petrobras cancelou a contratação de um navio-sonda da companhia no fim do ano passado. Desde então, a OOG a passou a descumprir uma série de cláusulas dos contratos de bônus emitidos no exterior. 

Em uma delas, era prevista a reposição do contrato perdido com a Petrobras, o que não foi feito. Depois disso, a empresa também deixou de pagar US$ 9,6 milhões em juros de uma série de bônus perpétuos que não têm vencimento. 

De acordo com advogados ligados aos credores externos, a OOG chegou a apresentar um plano de reestruturação, mas que acabou sendo questionado em função da dúvida em relação à receita futura da companhia. Desde abril, a Petrobras, além de romper o contrato de aluguel de um navio, está renegociando as condições de seis outros contratos em vigor, deixando essa incerteza. 

Se os credores seguissem à risca o que ficou acordado em cláusulas da emissão de bônus, poderiam cobrar toda a dívida da Odebrecht Óleo e Gás, mas, segundo advogados dos credores, isso inviabilizaria completamente a companhia. “Por isso, os credores estão com boa vontade”, diz um dos advogados. São três as séries de bônus externos emitidos pela empresa: uma de US$ 1 bilhão, com vencimento em 2021, outra de US$ 2 bilhões, vencendo em 2022 e US$ 550 milhões de bônus perpétuos.

Os bancos, por sua vez, seguiram a mesma linha dos detentores de bônus e já concederam um “stand still”, que nada mais é do que uma prorrogação do prazo de pagamento. Juntos, Bradesco e Banco do Brasil possuem cerca de US$ 400 milhões a receber da OOG. 

As instituições também vão esperar até que as negociações com a Petrobras terminem, mas não quiseram fazer comentários.

Segundo fontes próximas à Odebrecht, já foram sete rodadas de negociação com a estatal sobre os novos valores dos contratos de aluguel dos navios-sonda, mas não há como ter uma previsão de fechamento de acordo. A petrolífera está promovendo uma grande renegociação de contratos com diversos prestadores de serviços, não só com a OOG. 

Com a recente mudança de diretoria da Petrobras, a incerteza sobre quando e como vão chegar a um acordo fica ainda maior. A OOG não quis fazer comentários. 

A empresa também não revela o valor total dos contratos que tem com a Petrobras, segundo alguns especialistas no setor, porém, em função do volume de financiamentos, é possível estimar que sejam na casa das dezenas de bilhões de reais. O grupo Schahin, por exemplo, que entrou em recuperação judicial, tinha dívidas de cerca de R$ 12 bilhões e seus contratos eram da ordem de US$ 15 bilhões.

O endividamento da empresa de óleo e gás da Odebrecht é um dos maiores do grupo, representando cerca de 15% do total da dívida bruta do conglomerado e registrado no balanço de 2014. Além de sofrer com o impacto da Operação Lava Jato, em que o principal executivo e controlador da empresa foi condenado à prisão por corrupção em contratos com a mesma Petrobras, a OOG enfrenta ainda as condições adversas do setor de óleo e gás, que tem sofrido com a queda do preço do petróleo.

Executivos da companhia dizem que não há demanda mundial por navios-sonda e cerca de 80 estão parados e sem contratos em todo o mundo.

Argumento que parece ter sido aceito pelos credores, que concederam mais prazo à empresa. A escassez de demanda teria sido um dos motivos ao descumprimento da cláusula que previa a reposição do contrato até 90 dias após suspensão do contrato original.

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