Cresce tensão em campanha entre kirchnerismo e oposição por causa judicial

  • Por Agencia EFE
  • 16/07/2015 16h28

Buenos Aires, 16 jul (EFE).- A tensão entre o kirchnerismo e a oposição por causa da investigação de possíveis irregularidades em uma empresa ligada à presidente da Argentina, Cristina Kirchner, aumentou nesta quinta-feira em meio à campanha para o segundo turno das eleições à chefia de governo da capital.

Uma revista realizada na segunda-feira por ordem judicial em uma imobiliária de Máximo Kirchner, filho da presidente, aqueceu o ambiente político, marcado pelo longo processo eleitoral deste ano, que só terminará nas eleições presidenciais de outubro, mas tem uma importante etapa neste domingo em Buenos Aires.

O candidato conservador Horacio Rodríguez Larreta é o favorito a conquistar a prefeitura da capital, atualmente comandada por Mauricio Macri, agora candidato à presidência e de quem é braço direito.

Macri está no centro da polêmica, por causa da revista em busca de documentos sobre o hotel Alto Calafate, na Patagônia, que tem Cristina como acionista.

O chefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández, acusou hoje Macri de fazer uma “campanha suja” por causa da participação de forças policiais da capital na ação, realizada em Río Gallegos, a 2.600 quilômetros de Buenos Aires.

Macri, líder do conservador Proposta Republicana, qualificou como “vil mentira” a crítica do governo de Cristina Kirchner, e garantiu que a polícia de Buenos Aires agiu em Río Gallegos por ordem judicial.

Em entrevista coletiva, o chefe de ministros questionou os motivos do prefeito portenho para “mandar sua polícia a 2.600 quilômetros de ida e 2.600 de volta”, e denunciou que a operação custou 450 mil pesos (mais de R$ 150 mil).

Além disso, ele criticou que, após seis meses sem avanços no processo, o juiz Claudio Bonadio tenha determinado a ordem de busca e apreensão em plena campanha eleitoral.

“A (polícia) Metropolitana, em centenas de casos fora de sua jurisdição, foi convocada pela Justiça Federal para casos de narcotráfico e de tráfico”, argumentou Macri em entrevista à “Rádio Mitre”.

“É um pouco sério, e tentar confundir as pessoas é triste. Se o juiz ordena, eu tenho que fazer. Isso está claro”, declarou o ministro da Justiça e Segurança da cidade, Guillermo Montenegro.

A presidente argentina foi a primeira a politizar a operação judicial no Twitter, na terça-feira.

Cristina, que comemorou o aniversário de seu neto, Néstor Iván, filho de Máximo Kirchner, em Río Gallegos, publicou uma imagem do convite para a festa da criança, mas não mostrou o verso do cartão, onde estavam o horário e o local, alegando que era para evitar um procedimento judicial.

“Não estranharia que Bonadio e a (polícia) Metropolitana de Macri aparecessem no aniversário. Já disse a Rocío (mãe de Néstor Iván)… desde que não queiram levar o bolo (eles adoram), não há problema…”, ironizou a presidente.

O candidato governista à presidência, Daniel Scioli, também se pronunciou, pedindo para que “a política não seja judicializada, favorecendo um setor político determinado”.

Junto com a solicitação de busca e apreensão na imobiliária de Máximo Kirchner, Bonadio ordenou também uma perícia contábil na empresa Hotesur, que gerencia o hotel Alto Calafate.

Bonadio investiga supostas anomalias administrativas na gerência baseado em uma denúncia apresentada pela legisladora opositora Margarita Stolbizer.

A deputada e pré-candidata à Casa Rosada acusou o hotel de ser um alojamento “fantasma” usado então pelo casal Nestor e Cristina Kirchner para fazer negócios irregulares com o empresário Lázaro Báez. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.