Crise na Petrobras dá sensação de que País anda para trás, crê ex-Banco Mundial

  • Por Jovem Pan
  • 17/11/2014 11h13

A denúncia de corrupção na Petrobras “agrava muito o clima” da economia, analisou Cláudio Frischtak, ex-economista do Banco Mundial e diretor da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo no Jornal da Manhã.

Frischtak explicou que a causa vai muito além do desvio em si. “Além da coisa objetiva, do fato de que surrupiaram pelo jeito bilhões de reais da Petrobras e quem sabe até de outras empresas públicas, seria uma questão de percepção, de sensação de que o País tem andado para trás”, disse. “Do ponto de vista das pessoas que investem e apostam no futuro, é ruim.”

O ex-economista do Banco Mundial avaliou ainda que o baque econômico das denúncias na maior empresa do País chega em um “momento muito grave” e gera uma “combinação péssima”. Isso porque, enumerou Frischtak, a economia brasileira já enfrenta questões mais “objetivas” como o crescimento rondando o zero, a inflação pressionada e os problemas no mercado de trabalho que começam a pipocar, tendo em vista os maus números de outubro.

Perspectivas

Para o próximo biênio, a expecativa do diretor da Inter.B não é das melhores. Frischtak considera que há no investidor “um clima de pouquinho de ansiedade, de expectativa e de retirar o pé do acelerador – caso ainda estivesse com o pé no acelerador”, completou. Os empresários estariam a esperar se o governo adotará medidas novas.

“Infelizmente 2015 e 2016 podem ser quase anos perdidos do ponto de vista da retomada de investimentos efetivamente em infraestrutura”, projetou. A razão seria justamente esse clima adverso decorrente dos números e o aparente envolvimento de empresas e investidores nos escândalos que estão vindo à tona.

Frischtak citou também outro motivo para essa falta de perspectiva na melhora da atração de investimentos. “O setor público necessita de recursos para investir, mas as contas do setor público estão um desastre, ou seja, você não tem recursos”, avaliou, citando o déficit primário.

“Ano que vem, se crescermos zero, tal qual este ano, em que vamos crescer talvez 0,4%, 0,3%, vai ser um ganho para o País”, afirmou. “O que nós temos que evitar realmente é o perigo da recessão por conta desse clima adverso e das contas desacreditadas do Estado e do Governo Federal em particular”, advertiu, por fim, analisou Cláudio Frischtak.

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