Cristina Kirchner mantém incógnita sobre seu futuro político

  • Por Agencia EFE
  • 20/06/2015 19h27

Buenos Aires, 20 jun (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, fez neste sábado um discurso de forte conteúdo político, mas manteve a incógnita sobre se concorrerá a algum cargo nas eleições primárias de agosto, a poucas horas para que se esgote o prazo para a apresentação das listas de candidatos.

“No lugar que estiver sempre estarei com vocês”, assegurou Cristina em um grande ato na cidade argentina de Rosário pelo Dia da Bandeira, transmitido por rede nacional.

Com tom enérgico, Cristina, que em dezembro deixará a presidência ao completar dois mandatos, como determina a Constituição, reivindicou seu papel de “militante” e as “conquistas” do projeto político iniciado por seu marido e antecessor, o falecido Néstor Kirchner, com sua chegada à presidência, em maio de 2003.

“Não nasci presidente, nasci militante”, declarou Cristina, ressaltando que acompanhar Kirchner em sua carreira política lhe “permitiu ver um projeto histórico desde os anos 70 até agora”.

A chefe de Estado assegurou que o kirchnerismo protagonizou “nestes 12 anos o maior processo de crescimento econômico com inclusão social de que se tem lembrança” na Argentina.

Por outro lado, Cristina advertiu que o país está à mercê do “ataque” dos “fundos abutre” que lutam contra a Argentina em tribunais de Nova York por bônus em moratória desde o final de 2001.

E assegurou também que as “democracias da região” sofrem “ataques” porque “há bases midiáticas instaladas no continente dispostas a bombardear todos os dias os processos e projetos populares”.

Por isso, pediu aos partidos políticos que superem os “preconceitos” frente a estes “grandes temas da pátria, sem abandonar a identidade nem a legitimidade do direito a disputar o governo”.

Além disso, instou as diversas forças políticas, que têm até a meia-noite de hoje para apresentar suas listas de candidatos para as primárias de 9 de agosto, a “debater projetos e propostas sobre como incluir os que ainda falta incluir e como aprofundar o desenvolvimento produtivo”.

Em seu discurso, Cristina não esclareceu a incógnita sobre se concorrerá a algum cargo, embora meios de comunicação locais especulem a possibilidade de que a governante seja candidata a legisladora do Parlamento do Mercosul (Parlasur).

O pré-candidato a presidente do governo será o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que terá como companheiro de chapa Carlos Zannini, atualmente a cargo da Secretaria Legal e Técnica do Executivo e estreito colaborador de Cristina

O opositor que, segundo as enquetes, está melhor situado para concorrer contra o governo é o prefeito de Buenos Aires e líder do partido conservador Proposta Republicana (Pró), Mauricio Macri, que escolheu como companheira de chapa a senadora Gabriela Michetti.

Macri enfrentará nas primárias o senador Ernesto Sanz, da União Cívica Radical que terá como candidato a vice-presidente o economista Lucas Llach, e a deputada Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica que leva o ex-deputado Héctor Flores como companheiro de chapa.

Macri, Sanz e Carrió formaram uma aliança que levará às eleições presidenciais de outubro como candidato único o vencedor de sua disputa interna.

Por sua vez, o também opositor Sergio Massa, líder da Frente Renovadora e ex-chefe de gabinete de Cristina, ainda não revelou quem será seu companheiro de chapa.

Massa enfrentará nas primárias o também peronista dissidente José Manuel da Sota, governador da província de Córdoba e que levará como postulante à vice-presidência a ex-deputada Claudia Rucci.

Por sua parte, a pré-candidata presidencial Margarita Stolbizer, deputada e líder da força de centro-esquerda Gen, terá como companheiro de chapa o radical Miguel Ángel Olaviaga.

Também à meia-noite de hoje vence o prazo para a apresentação das listas de candidatos para cargos legislativos nacionais e executivos em províncias-chave, como a de Buenos Aires, a de maior peso eleitoral na Argentina.

Nesta província, o governo participará das primárias de agosto com dois candidatos a governador, o atual chefe de gabinete argentino, Aníbal Fernández, e o presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, Julián Domínguez.

Por sua vez, a lista governista de deputados nacionais pela província de Buenos Aires será liderada por Eduardo “Wafo” de Pedro, secretário-geral da presidência e dirigente do grupo kirchnerista La Cámpora.

Outros distritos eleitorais do país realizam suas eleições em datas diferentes das do pleito nacionais.

É, por exemplo, o caso das províncias de Tierra del Fuego e Mendoza, que elegerão governadores neste domingo, embora a eleição mais próxima que gera expectativa seja a da cidade de Buenos Aires, onde será eleito um novo prefeito em 5 de julho com o Pró favorito para revalidar seu poder na capital. EFE

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