Crucificados em Assunção marcharão por direitos trabalhistas

  • Por Agencia EFE
  • 22/01/2015 14h07

Assunção, 22 jan (EFE).- Os cinco crucificados que permanecem há semanas deitados em cruzes de madeira em frente à embaixada brasileira em Assunção, anunciaram nesta quinta-feira que na segunda-feira, sem se soltarem, marcharão pelo centro da cidade para reivindicar seus direitos trabalhistas.

Roque Samudio, de 58 anos, Gerardo Orué, de 49, Roberto González, de 61, e Pablo Garcete, de 71 anos, são ex-funcionários da represa Itaipu, compartilhada entre Paraguai e Brasil.

Junto deles também permanece cravada Rosa Cáceres, de 52 anos, esposa e mãe de ex-trabalhadores da hidrelétrica.

Segunda-feira eles devem marchar até o Ministério do Trabalho, onde está convocada uma reunião entre representantes do departamento e autoridades de Itaipu, disse à Agência Efe Carlos González, porta-voz da Coordenadoria de ex-trabalhadores de Itaipu e Contratistas.

O protesto reivindica que milhares de ex-trabalhadores paraguaios da represa recebam os direitos trabalhistas retroativos perdidos por causa de um convênio assinado em 1974 pelos governos, então ditatoriais, do Paraguai e do Brasil.

González indicou que se espera a chegada de mais ex-funcionários da represa para acampar nas tendas instaladas em frente à embaixada brasileira durante a reunião, para a qual confirmaram presença, “desconfiados, mas com esperança”.

“O que mais nos dói é a grande irresponsabilidade e insensibilidade das autoridades para atender uma reivindicação. Essa é a grande cruz que milhares de trabalhadores que construímos a Itaipu Binacional carregam”, afirmou González.

Explicou que seus companheiros “crucificados” estão em bom estado de saúde e de ânimo”, embora frequentemente seja impossível “evitar os pesadelos e os acessos de choro”.

Samudio, Orué e González completam na sexta-feira um mês e meio presos cada um a uma cruz, e Cáceres há um mês e uma semana e Garcete três semanas e meia.

Os “crucificados” passaram as festas do Natal e do Ano Novo cravados sobre a calçada da embaixada brasileira.

Eles estão submetidos às elevadas temperaturas, que chegam aos 40°, e às tempestades intensas da estação, lembrou González. EFE

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