Cruz Vermelha denuncia ataques sofridos por equipes de combate ao ebola
Genebra, 12 fev (EFE).- O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) alertaram nesta quinta-feira sobre os contínuos ataques sofridos pelos trabalhadores e voluntários das entidades que lutam contra o ebola na Guiné.
“Por causa do medo e da desconfiança que cerca a doença do vírus do ebola, os trabalhadores e voluntários da Cruz Vermelha são atacados constantemente pelas comunidades”, denuncia um comunicado dos organismos.
O último incidente registrado foi no domingo, na cidade de Forécariah, no oeste do país, quando dois voluntários da Cruz Vermelha foram espancados quando tentavam enterrar um morto por ebola.
Forécariah teve um aumento no número de casos nas últimas semanas. A Cruz Vermelha denuncia que foi registrada uma média de dez ataques mensais – desde insultos até agressões físicas – contra voluntários da Cruz Vermelha na Guiné desde março.
“Os voluntários da Cruz Vermelha na Guiné trabalham dia e noite para salvar as comunidades. Os atos de violência contra eles são inaceitáveis”, afirmou Youssouf Traoré, presidente da Cruz Vermelha na Guiné, citado no comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já advertiu na quarta-feira que em todas as prefeituras da Guiné que registraram casos de ebola também tiveram “pelo menos” um incidente de violência na semana passada.
A OMS alertou várias vezes que esses ataques dificultam as tarefas de luta contra a epidemia, evitando um efetivo controle e tratamento dos pacientes, o que dificulta as tarefas de vigilância epidemiológica e acompanhamento de cadeias de transmissão.
Os enterros seguros são uma das atividades mais importantes no controle da doença. O momento em que o paciente morre é quando o vírus está mais expandido e perigoso, por isso é o momento com o maior risco de contágio para quem mexe no corpo.
“Se os voluntários não puderem chegar à comunidade para enterrar os mortos, a comunidade inteira fica em perigo”, advertem as entidades.
“Podemos ter todo o material e o equipamento médico necessário para salvar as pessoas, mas enquanto não mudarem as percepções em relação à doença, ela não desaparecerá”, alertou Traoré.
Desde o início da epidemia, a Cruz Vermelha tem realizado atividades de informação que chegaram a um milhão de pessoas para lutar contra os preconceitos e o estigma, mas certamente essas mensagens não chegaram a toda a população.
“Agora não é o momento de ser complacentes. É o momento de seguir adiante até que consigamos levar os casos a zero”, afirmou.
A OMS assumiu na quarta-feira que a incidência de casos de ebola aumentou pela segunda semana seguida, para 114 novos casos, em parte pela falta de colaboração da população, o que indica que ainda há muito a fazer para controlar a doença. EFE
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