Cruz Vermelha diz não haver acordo entre Kiev e Moscou para ajuda humanitária

  • Por Agencia EFE
  • 16/08/2014 08h41
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Moscou, 16 ago (EFE).- O Comitê Internacional da Cruz Vermelha desmentiu neste sábado os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, ao assegurar que Kiev e Moscou não conseguiram ainda um acordo pleno sobre a entrada em território ucraniano da ajuda humanitária russa para a população do leste da Ucrânia.

“As partes russa e ucraniana devem chegar a um acordo. Até que não exista um acordo detalhado, a Cruz Vermelha não assumirá a jurisdição da carga”, disse hoje aos jornalistas Galina Balzamova, do departamento de relações públicas da organização internacional.

Ucrânia, Rússia e a Cruz Vermelha parecem estar em um diálogo de surdos que mantém retidas mais de duas mil toneladas de ajuda humanitária russa na passagem fronteiriça Donetsk, no lado russo, sem que haja sinais que possa atravessar à Ucrânia antes da próxima semana.

“A Cruz Vermelha se responsabilizará pela ajuda humanitária (russa)”, anunciou ontem o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, mas os membros de seu governo, que devem revistar e certificar a carga dos 262 caminhões russos, se negam a fazê-lo antes que a organização internacional assuma sua jurisdição.

Enquanto isso, a Rússia segue sem cumprir com uma das exigências que da Cruz Vermelha: entregar uma lista completa e pormenorizada de toda a carga que se encontra a bordo do comboio.

“Temos uma lista geral, mas não temos a detalhada, que é imprescindível”, insistiu Balzamova na passagem fronteiriça Donetsk, onde também se encontram desde ontem 59 membros da Guarda Fronteiriça e do Serviço de Alfândegas ucranianos, à espera que Kiev lhes permita iniciar a revisão e certificação da carga.

Tudo parece indicar que a ajuda humanitária permanecerá ainda vários dias na fronteira russo-ucraniana, segundo se desprende das declarações do chefe do departamento de Relações Públicas da Cruz Vermelha, André Lorsch.

Lorsch anunciou que o chefe da organização para a Europa e Ásia, Loran Korba, viajará para Moscou apenas no início da próxima semana (segunda ou terça-feira) para tratar o envio do comboio russo ao leste da Ucrânia.

Korba, que se encontra hoje em Kiev, lamentou ontem que a Rússia não tenha oferecido ainda uma relação detalhada do conteúdo do comboio.

Após três dias de travessia desde Moscou, o comboio com os 262 caminhões pintados de branco chegou ontem à passagem fronteiriça russa de Donetsk, onde os repórteres puderam olhar livremente a carga de alimentos, sacos de dormir e geradores elétricos.

Do outro lado está o posto ucraniano de Izvarino, em poder dos separatistas pró-Rússia e o ponto mais provável pelo qual o comboio humanitário entrará no território da Ucrânia.

Segundo informou o comando militar ucraniano, “a carga irá a Lugansk”, cidade rebelde sitiada que se encontra à beira da catástrofe humanitária, já que carece de água e luz há duas semanas e foi abandonada pela metade de seu quase meio milhão de habitantes. EFE

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