Cruzeiros são populares em percurso onde navio naufragou na China

  • Por Agencia EFE
  • 02/06/2015 11h43

Pequim, 2 jun (EFE).- Os cruzeiros turísticos como o que naufragou na noite de segunda-feira no rio Yang Tsé, o mais longo da Ásia, se tornaram uma viagem que muitos chineses sonham fazer alguma vez na vida, embora sua popularidade tenha caído na última década, após a inauguração da usina hidrelétrica das Três Gargantas em 2008.

Aproximadamente a metade dos 6,3 mil quilômetros de extensão deste rio são navegáveis por embarcações de grande porte, desde a cidade Chongqing até a foz no Mar da China Oriental, e constitui uma das vias fluviais mais movimentadas do mundo, com a circulação de cerca de 50 mil navios ao ano.

A maior parte dos navios que navegam por essas águas de cor acinzentada são de carga, que chegam a transportar até 800 milhões de toneladas anuais, mas o transporte de passageiros também é uma prática popular, com cerca de 60 milhões de pessoas a cada ano.

Quem passa pelo Yang Tsé costuma ser turista, já que a travessia pelo rio não compete em tempo nem em preço com o transporte por trem ou avião.

O preço de uma viagem de dois dias entre Chongqing e a hidrelétrica das Três Gargantas, o percurso mais habitual, costuma beirar os dois mil iuanes (R$ 1000) em navios convencionais com capacidade para cerca de 300 pessoas, mas também há cruzeiros de luxo e lanchas rápidas.

O grande atrativo destes cruzeiros é conhecer as Três Gargantas, a região do Yang Tsé na qual o vale por onde passa o rio se estreita e fica rodeado por montanhas verdes. No entanto, a construção da hidrelétrica diminuiu o espetáculo da vista.

O reservatório, situado perto da cidade de Yichang, na província de Hubei (a mesma em que ocorreu o naufrágio), fez subir o nível de água em cem metros, o que inundou reservas naturais e regiões povoadas, das quais um milhão de pessoas tiveram que ser realocadas.

Apesar disso, os cruzeiros continuam a passar pelo rio que os chineses consideram o coração de sua civilização, embora agora os turistas fiquem mais impressionados pela imensidade do hidrelétrica de Yichang do que pelos vales.

O normal é que os cruzeiros pelo Yang Tsé só percorram o trajeto entre Chongqing e a usina das Três Gargantas, mas é possível continuar até o mar. Os navios podem passar pelo desnível da presa com um sistema de compartimentos de embarque.

A viagem pode durar entre sete ou oito dias, quando o navio vai na mesma direção que o curso do rio, rumo ao mar, e outros vão em sentido contrário, como a embarcação que naufragou.

Em todos os anos há registros de colisões, mais em navios de carga do que de passageiros. Por isso os cruzeiros costumam seguir regras rígidas de segurança, que incluem a distribuição de coletes e botes salva-vidas e determinar um limite de passageiros.

“Me senti segura ao viajar no navio porque o rio, em geral, é tranquilo. Parece que desta vez o navio teve o azar de passar por uma tempestade”, contou à Agência Efe Lin Rong, uma aposentada de 61 anos que recentemente fez um destes cruzeiros. EFE

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