Cuba diz que bloqueio econômico dos EUA se fortaleceu apesar de reaproximação

  • Por Agencia EFE
  • 16/09/2015 21h19

Havana, 16 set (EFE).- O governo de Cuba denunciou nesta quarta-feira que o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos “continuou se fortalecendo” durante o período de diálogo entre os países para restabelecer suas relações, um bloqueio que gerou um impacto de US$ 121,2 bilhões à ilha desde sua implementação em 1962.

“Nos últimos anos, inclusive no período de conversas confidenciais com o governo dos EUA desde 2014, o bloqueio continuou se fortalecendo, marcado por crescente personalidade extraterritorial, em particular no âmbito financeiro”, afirmou hoje em entrevista o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.

O chanceler divulgou o relatório anual elaborado pelo país sobre o embago, base da resolução que será submetida à votação na Assembleia Geral da ONU, que neste ano irá ocorrer em 27 de outubro.

A resolução, que Cuba apresenta à ONU desde 1992, inclui neste ano dois parágrafos novos que fazem menção à nova etapa de relações diplomáticas entre Cuba e os EUA, além da vontade expressada pelo presidente Barack Obama de pôr fim ao bloqueio econômico e fazer uso de seus poderes executivos para suavizá-lo.

Rodríguez citou a “perseguição” às transações financeiras da ilha e as “multas extraordinárias e insólitas” que os EUA impõem a bancos e empresas “por suas relações econômicas com Cuba”.

Em preços correntes, o impacto do embargo, política à qual o governo de Cuba sempre se refere como “bloqueio”, foi cifrado em US$ 121,2 bilhões, “um número exorbitante para uma economia pequena, que provoca danos humanitários e é uma violação em massa, flagrante e sistemática dos direitos dos cubanos”.

Rodríguez reiterou que a vigência do bloqueio é o principal obstáculo para a normalização dos vínculos entre Cuba e EUA depois de ambos os países restabelecerem suas relações e reabrirem suas respectivas embaixadas no dia 20 de julho.

No entanto, o chanceler ressaltou que Cuba “aprecia” as abordagens de Obama sobre o levantamento do embargo e elogiou a vontade do presidente americano de entrar em um debate com o Congresso para o fim da medida, assim como a proposta de utilizar seus poderes executivos para “modificar substancialmente” a aplicação do bloqueio econômico.

“Após o restabelecimento dos laços diplomáticos, o que determinará o ritmo do processo de normalização de relações serão as medidas adotadas pelos EUA para modificar e suspender o embargo, cuja derrogação depende do Congresso”, disse Rodríguez.

“O que dirá se esse processo fez sentido, e eu espero que tenha, será exatamente o levantamento completo e incondicional do bloqueio”, ressaltou o chanceler.

O chefe da diplomacia cubana destacou que o embargo é uma política “estritamente unilateral” dos EUA e, portanto, deve “ser resolvida unilateralmente”.

“Não se pode esperar que (o fim do bloqueio) seja resultado de um processo de negociação entre os governos. Não é uma avenida de mão-dupla, mas sim de uma só direção”, completou. EFE

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