Cuba está pronta para receber o papa que ajudou na reconciliação com os EUA
Sara Gómez Armas.
Havana, 18 set (EFE).- Em Cuba já está tudo pronto para receber Francisco amanhã, o terceiro papa a visitar o país, uma viagem carregada de simbolismo pelo papel que a diplomacia do Vaticano desempenhou na reconciliação com os Estados Unidos, que hoje retirou mais sanções contra a ilha, relaxando o embargo.
O papa aterrissará na tarde de amanhã em Havana para iniciar uma viagem de quatro dias pelo país que o levará também às cidades de Holguín e Santiago de Cuba, de onde partirá para os Estados Unidos, a segunda parada de uma viagem pelos dois países que ele ajudou a reaproximar em negociações secretas que levaram 18 meses e que conseguiram acabar com meio século de inimizade.
“A alegria é enorme entre católicos e não católicos. Esperamos que seja uma visita de muita felicidade e esperança como as de outros papas”, disse à Agência Efe Roberto Jardines, um taxista de bicicleta de 54 anos, ressaltando que a passagem de Francisco é “especial” por seu papel como “impulsor das mudanças que estão acontecendo em Cuba”.
Sua esperança é que, agora, o pontífice interceda em favor do fim do bloqueio “criminoso e injusto” dos Estados Unidos, que justo hoje, às vésperas da visita papal, suavizou sanções às viagens, ao comércio e ao envio de remessas, novos passos rumo à normalização.
Como prelúdio da viagem, a TV pública de Cuba transmitiu ontem em horário nobre uma mensagem gravada do papa ao povo cubano, na qual elogiou “o ânimo com que encaram as dificuldades da cada dia, o amor com que se ajuda e se sustentam no caminho da vida”.
“Estamos aguardando com muito entusiasmo e vontade de ouvi-lo de novo, porque ele ontem já nos mandou uma mensagem muito comovente”, contou à Efe Sira Páez, uma aposentada que espera poder ir a alguma das missas de Francisco, um “papa diferente, latino, que se aproxima mais das pessoas humildes”.
“Existe uma segurança muito grande. Estamos vendo muitas mudanças. As coisas estão mais bonitas e mais organizadas e isso é bom para todos”, destacou Daniel Rodríguez, um jovem de 24 anos que vive em Havana Velha, o centro histórico da capital cubana.
A outra cara dessas melhorias são as críticas feitas hoje pela Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), que acusou o governo de realizar uma “limpeza social” ao encaminhar mendigos e sem-teto a abrigos públicos.
“A ideia é tirar da vista de peregrinos, jornalistas estrangeiros e outros visitantes que estarão em Cuba nestes dias os mendigos, doentes mentais e outros desemparados”, disse o dissidente Elizardo Sánchez, diretor da CCDHRN.
Além das regras em Havana, na emblemática Praça da Revolução – onde acontecerá uma grande missa no domingo, o ponto alto da viagem, já estão instalados o altar, com a cruz e a imagem de Jesus Cristo, e 3.500 cadeiras para os convidados.
A Catedral de Havana também já não tem o enorme andaime que a tapou durante as semanas de limpeza da fachada, da mesma forma que o Centro Cultural Padre Félix Varela está pronto para que o papa faça um discurso perante a juventude cubana.
Um dia antes de sua chegada, Havana já tem bastante policiamento, ruas fechadas e hospitaleiros moradores informando a turistas como se locomover pela cidade. EFE
sga/cdr
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