Cuba se prepara para receber avalanche de turistas americanos
Sara Gómez Armas.
Havana, 13 ago (EFE).- Diante da previsível chegada de ferrys, navios de cruzeiro e mais companhias aéreas nos próximos meses, Cuba se prepara para uma avalanche de turistas americanos com projetos de ampliação de portos, aeroportos e vagas em hotéis, mas também com dúvidas sobre se suas infraestruturas suportarão essa pressão.
Nos sete primeiros meses do ano, depois que o presidente americano, Barack Obama, flexibilizou as restrições às viagens, quase 89 mil americanos viajaram a Cuba, 54% a mais que em 2014, porcentagem que pode aumentar ainda mais até o final do ano.
Especialistas consultados pela Agência Efe previram que em 2015, a chegada de turistas americanos poderia aumentar até 70%, já que o último trimestre é alta temporada na ilha e os ferrys entre Flórida a Cuba devem começar a operar em setembro.
“No último trimestre pode haver recordes. Haverá embaixada, relações diplomáticas plenas e pode ser que o Congresso americano elimine a proibição de seus cidadãos viajarem a Cuba”, disse Omar Everleny, do Centro de Estudos Econômicos Cubanos, à Agência Efe.
O influente Comitê de Apropriações do Senado aprovou há algumas semanas o fim da proibição de viagens a Cuba; uma medida que poderia se tornar realidade antes do fim do ano diante do notável apoio bipartidário.
“Se as visitas de americanos aumentaram tanto só com algumas facilidades, se finalmente for autorizada sua entrada em Cuba como turistas antes do fim de ano, a avalanche pode ser extraordinária”, comentou Everleny.
O problema é que, pelo menos em Havana, a capacidade hoteleira não é capaz de comportar tamanha afluência de visitantes, razão pela qual a ilha já projeta a construção de novos hotéis na capital, pois os existentes estão cheios o tempo todo, o que não acontecia antes.
Na semana passada, o grupo hoteleiro estatal Gaivota anunciou a construção, junto com a rede francesa Bouygues, de três novos hotéis em Havana Velha, no centro histórico da capital, com o objetivo de posicionar a capital cubana como um dos principais destinos turísticos do Caribe.
Em julho, visitaram a ilha diretores da rede hoteleira americana Marriott, interessados em estabelecer negócios na ilha, onde já estão antecipando contatos para estarem prontos quando o embargo for suspenso.
Até que todos estes projetos saiam do papel, a solução passa pelos alojamentos privados, 19.800 quartos em todo o país, 70% deles concentrados em Havana, já que “muitas cadeias hoteleiras estão chegando a acordos com essas casas para mandar para ali os turistas quando não tiverem capacidade de recebê-los”, contou Everleny.
“Não se trata apenas de ampliar as vagas hoteleiras, mas de melhorar as instalações e o serviço nos hotéis, já que a maioria não cumpre as expectativas do exigente cliente americano”, ressaltou.
No entanto, para muitos americanos as casas particulares são a opção ideal porque permitem saborear ao máximo a experiência de visitar um país que para eles foi “a fruta proibida”, opinou Daniel French, da Blanco and Wilson International, uma operadora de turismo que organiza viagens para Cuba para os americanos que têm algumas das 12 licenças autorizadas.
“Para eles, Cuba agora é a novidade e gostariam de se hospedar em casas particulares, dormir em uma casa cubana, compartilhar com os cubanos, tomar café com eles e falar do dia a dia”, relatou.
Mas Cuba não prepara só seus hotéis para o “boom” turístico que se avizinha. Começaram também os trabalhos no antigo porto de Havana para construir um terminal para receber os ferrys da Flórida, que poderão transportar quase mil passageiros diariamente.
Por enquanto, seis empresas já têm autorização nos EUA para oferecer este serviço.
Também está previsto que na primavera de 2016 chegue a Havana o primeiro cruzeiro de grandes dimensões, da empresa Florida Carnival, com capacidade para 710 passageiros, que pode atrair até 37 mil viajantes por ano em seu novo itinerário, entre República Dominicana e Cuba.
Cuba também iniciou em março os trabalhos de ampliação do aeroporto de Havana, a cargo da empresa brasileira Odebrecht, diante do interesse de várias companhias aéreas dos Estados Unidos de operar voos diretos de Miami, Orlando, Tampa, Nova York, Houston e Nova Orleans.
Todas novas construções e remodelações para dinamizar o turismo na ilha, setor que é a segunda fonte de receita do país com US$ 2,6 bilhões em 2014. EFE
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