Cubanos esperam que significado do novo momento se reflita em melhoras

  • Por Agencia EFE
  • 21/07/2015 18h26

Havana, 21 jul (EFE).- Após a reconciliação diplomática com os Estados Unidos, os cubanos veem esta nova etapa com o país vizinho com esperança de que o simbolismo do momento represente melhoras concretas em seu cotidiano.

O restabelecimento das relações foi a notícia desta terça-feira na imprensa cubana (toda controlada pelo Estado) com grandes manchetes como “Livre e soberana”. O “Granma” dedicou sua fotografia à bandeira cubana tremulando no mastro da embaixada de Cuba em Washington.

O jornal oficial do Partido Comunista de Cuba (PCC) ocupou quatro de suas oito páginas interiores ao acontecimento, e reproduziu integralmente o discurso do chanceler Bruno Rodríguez na sede diplomática, assim como a entrevista coletiva dada por ele junto com o secretário de Estado, John Kerry.

As ruas de Havana hoje pareciam tão normais quanto antes do histórico 20 de julho de 2015, inclusive no entorno da embaixada americana onde, como todos os dias, centenas de cubanos faziam fila para solicitar ou tramitar vistos para viajar ao país.

Muitos deles mostraram esperança de que esses trâmites sejam agilizados a partir de agora, como Nilsa, moradora de Matanzas, que afirmou que “as pessoas estão contentes porque a reaproximação porá fim às divergências entre os dois países”.

“Eu acredito que os Estados Unidos poderão nos ajudar, eles têm muito a aproveitar de Cuba e Cuba dos EUA, vamos nos ajudar. Cada um pega o que vê de bom e descarta o que acha ruim”, dizia a otimista Rosa Elena Navarro de Villa Clara, que fazia fila no chamado “Parque dos Lamentos”, limite da sede diplomática americana.

Após 54 anos de relações rompidas, tempo em que os Estados Unidos foram considerados o “inimigo” em Cuba, muitos na ilha confessam que não imaginavam este momento: “era difícil conceber, mas tudo é possível”, assinalou Malena uma jovem de 25 anos que acredita que esta etapa “será boa para a economia e para as relações entre as pessoas”.

“Eu espero que tudo melhore agora, estou muito contente, pela minha menina, pela minha família, por mim mesma, por todos os cubanos. Ontem eu tinha uma alegria com isso… Veja, olha como me arrepio”, comentou Bárbara, apontando para seu braço, enquanto conversava com a Agência Efe na movimentada avenida da Rampa, enquanto sua filha tentava se conectar à internet na nova área de wifi livre.

Mais analítico, Darío, um jovem jornalista de 26 anos, declarou à Efe que “atualmente, (o restabelecimento de relações diplomáticas) não beneficia mais o cubano médio do que no plano simbólico, no plano da esperança, de que as coisas devem melhorar porque o entendimento sempre é bom”.

Para ele, o desejável é que essas novas relações se revertam “desde a base, a partir do cidadão comum, em intercâmbios comerciais, técnicos, culturais, que se traduzam em benefícios pessoais e para o país”.

“O entusiasmo é bom, mas é preciso esperar um pouco”, indicou este jovem, que admitiu que inicialmente recebeu o anúncio da distensão com os EUA com bastante ceticismo, mas finalmente concluiu que “não há mal que dure cem anos, nem bloqueio que para sempre resista”, brincou.

Após a bandeira cubana ser içada na embaixada em Washington, os cubanos aguardam agora outra data histórica na agenda do degelo com os Estados Unidos: a visita do secretário de Estado, John Kerry, em 14 de agosto.

O primeiro-secretário de Estado dos EUA que viajará para Cuba desde 1945 liderará em Havana a cerimônia formal da reabertura da sede diplomática americana, momento em que as faixas e estrelas da bandeira americana voltarão a tremular sobre o Malecón de Havana, onde fica a embaixada.

Neste ano intenso da reconciliação com os Estados Unidos, Cuba se prepara também para outro importante acontecimento, em setembro: a visita do papa Francisco, cuja mediação foi chave na aproximação entre Havana e Washington.

Para a Igreja Católica cubana, a reabertura de embaixadas é um acontecimento “transcendental” que “encoraja a esperança para muita gente de uma melhor relação entre ambos os povos, o que facilitará a comunicação e a troca”, disse à Agência Efe o padre José Félix Pérez, secretário adjunto da Conferência de Bispos da ilha.

“Acredito que tudo isto terá um efeito muito positivo, alinhado a o que o papa tanto propõe: o diálogo, o entendimento, o criar pontes”, acrescentou o religioso. EFE

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