“Cúpula da reconciliação” tem início com aperto de mão entre Obama e Castro

  • Por EFE
  • 11/04/2015 08h18

Com Ban Ki Moon como tradutor EFE Obama e Raúl Castro

A VII Cúpula das Américas teve início nesta sexta-feira (data local) na Cidade do Panamá com a presença, pela primeira vez na história, de todos os 35 países do continente, uma cerimônia marcada pelo histórico reencontro dos presidentes dos Estados Unidos e de Cuba.

A reunião, já batizada de “cúpula da reconciliação”, começou oficialmente pouco depois das 20h locais (23h de sexta-feira em Brasília), com o discurso de abertura do presidente do Panamá e anfitrião, Juan Carlos Varela.

Mas o verdadeiro início do evento ocorreu pouco antes, quando Barack Obama e Raúl Castro apertaram as mãos, um cumprimento que ocorreu em frente ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Os dois presidentes entraram na mesma hora no teatro Anayansi da capital panamenha, palco da abertura da Cúpula das Américas.

O encontro foi breve, mas histórico, disseram Varela, Ban e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José María Insulza, que discursaram na cerimônia.

O presidente do Panamá destacou “a coragem e a vontade dos chefes de Estado e dos governos dos EUA e de Cuba, que deixaram de lado suas diferenças históricas em busca de uma abordagem que trará melhores dias para ambos os povos e para o continente”.

Por sua parte, Insulza, que se despede do comando da OEA após dez anos no cargo, destacou a presença, pela primeira vez na história, de representantes dos 35 países do continente. Um fato também citado pelo secretário-geral da ONU antes de ressaltar que “a participação dos presidentes Obama e Castro representa um desejo finalmente completado por muitos na região”.

O aperto de mãos entre Obama e Castro foi uma breve antecipação pública do encontro bilateral a portas fechadas que eles farão amanhã. A reunião ocorre apenas quatro meses depois de ambos anunciarem, de forma simultânea, um acordo para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

A reconciliação entre os dois inimigos da Guerra Fria está se sobrepondo, por enquanto, à crescente tensão mantida entre Washington e Caracas, aumentada no mês passado quando Obama decidiu impor sanções econômicas ao regime de Nicolás Maduro.

Mas também, em outro fato histórico, os países do continente estão deixando uma mensagem clara aos EUA que de não aprovam as medidas empreendidas contra a Venezuela pela administração do presidente americano.

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz,, disse à Agência Efe que “a decisão dos EUA de declarar a Venezuela como uma ameaça a sua segurança nacional foi infeliz”.

“O Chile e outros países disseram claramente que o importante são os princípios. E nós nos opomos às sanções unilaterais que transgridem o direito internacional e a carta das Nações Unidas”.

Já Insulza mostrou satisfação pelas declarações de assessores de Obama de que o termo “ameaça” é apenas uma questão técnica, o que permitiu, na medida do possível, evitar um crescimento ainda maior nas tensões entre os dois países.

Quem não parece disposto a deixar de pressionar é o presidente da Bolívia, Evo Morales, que depois de se reunir com delegados indígenas na Cúpula dos Povos, paralela ao evento principal, disse que não deseja nem tem planos de se reunir com Obama.

Morales acusou o presidente americano de utilizar as sanções econômicas para tentar derrubar os governos da região já que agora, os Estados Unidos não podem promover golpes de Estado dirigidos de Washington.

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