Cúpula das Américas abre novo cenário continental

  • Por Agencia EFE
  • 12/04/2015 02h11

Giovanna Ferullo.

Cidade do Panamá, 11 abr (EFE).- A 7ª Cúpula das Américas terminou neste sábado marcada pela histórica participação de Cuba e pela renovação das relações continentais, sem que isso impedisse críticas aos Estados Unidos por seu “intervencionismo” na região.

A presença no plenário de presidentes como o líder cubano, Raúl Castro, ovacionado antes de iniciar um discurso de pouco mais de 40 minutos, e a reunião que posteriormente teve com seu colega dos EUA, Barack Obama, foram sem dúvida os pontos altos da reunião.

“Já era hora de eu falar aqui em nome de Cuba”, expressou Castro ao abrir um discurso que fez emocionado, no qual qualificou Obama de homem “honesto” e o eximiu da responsabilidade da política desenvolvida contra a ilha pelos “dez presidentes” que o antecederam na Casa Branca.

Obama, que antecedeu Castro no direito de palavra, afirmou que seu país “não será prisioneiro do passado” com Cuba nem com a região, porque a “Guerra Fria já terminou” e seu interesse é “resolver problemas” trabalhando e cooperando com toda a América.

Com voz unânime os governos da América Latina e do Caribe pediram que a nova era diplomática que representa a aproximação de Washington e Havana seja baseada no respeito ao direito internacional e ao princípio de não ingerência nos assuntos internos.

Isso à luz das renovadas tensões entre Caracas e Washington a partir da decisão americana de se aplicar sanções a sete funcionários da Venezuela e declarar esse país uma “ameaça”.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse no plenário de presidentes que Obama “cometeu uma agressão” com seu decreto sobre a “ameaça” que representa seu país, e lhe pediu para anular essa medida “irracional e desproporcional”.

O líder bolivariano recebeu o apoio de aliados como Cuba, Bolívia, Equador, Argentina, que repudiaram a política “intervencionista” dos EUA e acusaram a violação “flagrante” do Direito Internacional e da Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA).

“A Venezuela não é nem pode ser uma ameaça para a segurança nacional de uma superpotência como os Estados Unidos”, disse Castro, acrescentando que era “positivo que o presidente americano, Barack Obama, o tenha reconhecido”.

Houve concordância entre os líderes em que a situação de Venezuela e EUA pode pôr em risco os novos ares de “convivência” que sopram no continente, por isso que exortaram as partes a lançar mão do diálogo para superar suas diferenças.

A nova controvérsia na longa lista de desencontros entre Caracas e Washington impediu que a histórica 7ª Cúpula das Américas finalizasse com um documento de consenso assinado pelos presidentes.

“No meio da diversidade e pluralidade política (…) facilitamos um diálogo franco e respeitoso (…) não pretendemos unanimidades”, disse ao encerrar a reunião o anfitrião presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, que reconheceu que “nos aspectos políticos foi onde houve diferenças”.

Essas mesmas diferenças políticas foram as que marcaram o fórum da sociedade civil, um dos quatro eventos oficiais prévios à cúpula, onde a delegação cubana governista se negou a participar dada a presença de dissidentes.

Cuba também estreou em um fórum empresarial, no qual o ministro de Comércio Exterior e o de Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca, ofereceram seu país como um destino seguro para o investimento estrangeiro e convidou o setor privado a visitar a ilha para “avançar rumo à concretização de negócios mutuamente benéficos”.

“A mensagem de Cuba é fantástica (…) é extremamente importante (…) como mensagem acho que está claríssimo: não há possibilidade de que nenhum país do mundo siga em frente se não há geração de riqueza”, comentou à Agência EFE o diretor da Cisco para a América Central e sul da América do Sul, Gustavo Sorgente. EFE

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