Cúpula do Clima termina com alguns compromissos firmados e vontade de mudança

  • Por Agencia EFE
  • 23/09/2014 22h53

Mario Villar

Nações Unidas, 23 set (EFE).- A Cúpula do Clima realizada nesta terça-feira em Nova York serviu para firmar algums compromissos de redução de emissões, assim como acompanhar o surgimento de diversas promessas financeiras e, sobretudo, divulgar muitas mensagens sobre a vontade de atuar de forma urgente para conter o aquecimento global.

Mais de 120 chefes de Estado e de governo de todo o mundo estiveram nesta reunião na sede das Nações Unidas para demonstrar a vontade de mudança e responder às preocupações dos milhares de cidadãos que saíram às ruas no domingo para exigir medidas contra a mudança climática.

“Nosso dever é escutar”, disse em entrevista coletiva o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que reiterou a necessidade de atuar com urgência.

O diplomata coreano, impulsor da reunião, lembrou ao mundo que não se pode “negociar com a Mãe Natureza” e assegurou que o tempo para responder ao aquecimento da Terra está se esgotando e não há espaço para desculpas.

“Não se pode ter um plano B, porque não temos um planeta B”, insistiu Ban, adotando uma das muitas palavras de ordem com as quais os cidadãos inundaram as ruas de Nova York no domingo.

Hoje a ONU deu a palavra a especialistas no tema como o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e estrelas midiáticas como Leonardo DiCaprio, que reivindicaram medidas imediatas.

“Não podemos esperar, mas há razões para a esperança. Compartilhamos um consenso básico sobre o perigo que corremos. Nos últimos anos, avançamos em medidas que, até sendo insuficientes, apontam na boa direção. Agora precisamos acelerar o passo”, disse por sua parte o rei da Espanha.

Entre os compromissos tangíveis da cúpula se destacou o adotado por 32 países e dezenas de empresas para reduzir pela metade a perda de florestas em 2020 e detê-la totalmente em 2030.

A declaração, selada entre outros pelos Estados Unidos, México, França, Chile, Colômbia e Peru, prevê, além disso, recuperar mais de 350 milhões de hectares de terras degradadas no mundo todo, uma superfície similar à da Índia.

O setor público e o privado também anunciaram ao longo da cúpula um grande reforço dos investimentos e das ajudas para a luta contra a mudança climática.

No total, os compromissos mobilizarão mais de US$ 200 bilhões antes do final de 2015, segundo anunciou a ONU.

A França, que acolherá a próxima cúpula de chefes de Estado e de governo sobre a mudança climática, prometeu apresentar nos próximos anos US$ 1 bilhão ao Fundo Verde iniciado para financiar ações contra o aquecimento.

A Noruega, enquanto isso, anunciou que destinará US$ 500 milhões anuais até 2020 a políticas contra o aquecimento e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou uma ordem executiva pela qual o governo terá que levar em conta os efeitos da mudança climática em todos seus programas e investimentos para o desenvolvimento em outros países.

Por sua vez, a União Europeia indicou que em sete anos doará 3 bilhões de euros em ajudas aos países mais pobres para que atuem contra a mudança climática.

A necessidade de dispor de metas que não minem o crescimento econômico e de financiamento para as ações contra o aquecimento foram as principais dos países em vias de desenvolvimento, que exigiram que os estados mais ricos liderem o esforço.

Assim disse em nome do grupo G77 mais China o presidente boliviano, Evo Morales, que lembrou que as economias mais industrializadas têm uma “responsabilidade histórica” na mudança climática, enquanto os países em desenvolvimento são os que mais sofrem com suas consequências.

“Chegou o momento de mobilizar a maior aliança da história para o clima e o desenvolvimento”, disse o presidente do Peru, Ollanta Humala, que confiou que a conferência sobre o clima que será realizada em dezembro em Lima contará com um documento “claro e coerente” que fará com que as bases se sentem para firmar um acordo global vinculativo.

As negociações desse grande pacto, independentes da cúpula de hoje, devem terminar em Paris em 2015.

Para isso deverão ser resolvidas as grandes diferenças que ainda dividem a comunidade internacional, principalmente o Ocidente e as economias em desenvolvimento, especialmente os grandes emissores de gases como China e a Índia, que foram precisamente dois dos poucos países que não estiveram representados em nível máximo em Nova York.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi um dos mais críticos com as receitas dos países desenvolvidos para frear a mudança climática e lamentou que estes sigam “propondo soluções capitalistas” para dar resposta a um problema criado por esse modelo. EFE

mvs/ff

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