Cúpula Mercosul em Caracas discutirá associação com outros blocos

  • Por Agencia EFE
  • 27/07/2014 15h21

Caracas, 27 jul (EFE).- A 46ª Cúpula Presidencial do Mercosul que acontecerá na próxima terça-feira na Venezuela, antecedida por uma reunião de chanceleres amanhã, terá na pauta uma série de planos de associação a outros blocos, segundo declarações prévias de seus protagonistas.

Por isso, e também porque nesta segunda-feira foi o 60º aniversário do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, que será lembrado com várias homenagens, os governantes dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) se encontrarão em Caracas com vários outros colegas da região.

José Mujica, presidente do Uruguai, que foi amigo próximo e aliado de Chávez, deve chegar a Caracas nesta segunda-feira e viajar imediatamente para Barinas, onde o líder nasceu, para homenageá-lo.

Mujica repetiu suas críticas à “estagnação” do Mercosul, o que se prevê que reitere na terça-feira diante do presidente anfitrião da cúpula, Nicolás Maduro, e a presidente Dilma Rousseff; a mandatária da Argentina, Cristina Kirchner; e o chefe de Estado Paraguai, Horacio Cartes.

A reunião semestral do bloco acontecerá com 6 meses de atraso em relação à data programada.

A 46ª cúpula estava prevista para 17 de dezembro, mas não pôde acontecer por problemas de saúde da presidente argentina, que operou um hematoma intracraniano, depois por problemas de agenda de outros líderes e também pela crise política com protestos antigoverno que a Venezuela viveu no primeiro semestre.

Maduro disse ao longo da semana que além de todos os chefes de Estado do Mercosul também viajarão para Caracas seus colegas da Bolívia, Evo Morales; Nicarágua, Daniel Ortega; El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, e Chile, Michelle Bachelet, entre outros.

“Vai ser uma reunião bastante integradora”, disse Maduro, que entregará a Kirchner a presidência rotativa do Mercosul, bloco que criará, anunciou, uma “região econômica” com os países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) e Petrocaribe.

A Alba é integrada por Bolívia, Cuba, Equador, São Vicente e Granadinas, Dominica, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, Venezuela e Nicarágua – país, aliás, que explicará seu projeto de construção de um canal para unir o Atlântico ao Pacífico.

O acordo energético Petrocaribe é composto, por sua vez, por Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Cuba, Dominica, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, El Salvador, Jamaica, Nicarágua, República Dominicana, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Suriname e Venezuela.

A presidente Dilma já adiantou que proporá em Caracas que se antecipe para este ano a adoção de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, acordo comercial que associa Chile, Peru, México e Colômbia.

O governo brasileiro propõe que o acordo para eliminar tarifas entre ambos os blocos entre em vigor até o final deste ano, e não em 2019, data negociada inicialmente.

Como informou recentemente o Subsecretário-Geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Ferreira Simões, a redução de tarifas poderia beneficiar inicialmente a indústria e o comércio de produtos agrícolas dos países envolvidos.

A presidente do Brasil também reiterou neste mês que mantém uma “forte vontade” de avançar nas conversas que se arrastam sem sucesso desde 1999 para outro acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse em Brasília há dez dias que “a União Europeia e o Mercosul estão de namorados há 15 anos” e levantou a questão: “Será que não é o momento de oficializar essa relação? Estou convencido de que sim”.

Segundo o político lusitano, “estudos independentes demonstram que um acordo com a UE representaria para os países do Mercosul um crescimento do produto interno bruto (PIB) pela ordem de US$ 5 bilhões e um aumento de suas exportações para a Europa cerca de 40%”.

A cúpula na Venezuela também permitirá à presidente da Argentina tramitar um pronunciamento regional de respaldo em momentos de conflitos de seu país com os credores dos chamados “fundos abutres” que não entraram em uma troca de dívida externa.

Esses “abutres são sarna”, disse hoje um alto cargo do governo argentino em alusão a querelantes que reivindicam à Argentina dívidas por bônus em moratória desde 2001 que ascendem cerca de US$ 1,5 bilhão, entre capital e juros.

“Esses abutres são sarna do sistema financeiro internacional, são fundos piratas”, disse Carlos Zanini, secretário legal e técnico do governo, um dos mais próximos colaboradores de Kirchner.

Quando um compromisso de pagamento não se tornou efetivo na data de vencimento, o devedor tem um período de graça para regularizar o pagamento antes de ser declarado em moratória técnica, prazo que no caso da Argentina vence na próxima quarta-feira, por isso a presidente Kirchner deixará Caracas na noite de terça-feira. EFE

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