Custo médio da energia para indústria nacional sobe 48% desde o início deste ano

  • Por Agência Brasil
  • 27/03/2015 17h10
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Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Antenas de transmissão de energia vistas de baixo

O custo médio da energia para a indústria nacional subiu 48% desde o início deste ano, alcançando R$ 534,28 por megawatt-hora (MWh), segundo atualização feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com este valor, o Brasil ocupa a primeira posição no ranking internacional dos 28 países mais caros no custo da energia para a indústria, superando a Índia e a Itália, que ocupavam as primeiras posições.

“O custo [no Brasil] é muito mais caro do que o dos nossos principais concorrentes. Isso se traduz, na prática, em produtos que são mais caros, empregos que deixam de ser gerados, investimentos que deixam de ser feitos, porque esse insumo está em toda a indústria”, disse o gerente de Competitividade Industrial e Investimentos do Sistema Firjan, Cristiano Prado.

Prado explicou que o produto nacional, com o preço no atual nível, perde competitividade para concorrer dentro do país e no mercado externo. Em contraposição, o custo internacional de energia para a indústria caiu 6% em comparação ao valor praticado no ano passado. Entre os estados brasileiros, o Rio de Janeiro ocupa a primeira posição, com custo médio de R$ 664,05 por MWh, seguido do Mato Grosso (R$ 640,87 por MWh).

O custo médio do gás natural para a indústria brasileira subiu 21% nos últimos quatro anos. As empresas pagam R$ 1,29 por metro cúbico do produto. Com isso, o Brasil ocupa a oitava classificação no ranking dos 16 países de gás mais caro para a indústria. Prado ressaltou que o custo médio do gás natural no Brasil é o dobro do praticado no México e mais de três vezes, ou 261% acima, do custo dos Estados Unidos. “Isso faz com que as empresas que dependem de gás, como a petroquímica, que está na base de praticamente tudo que a gente consome, estejam seriamente afetadas”.

O resultado é que os investimentos são feitos em outros países, quando poderiam estar sendo feitos no Brasil. Prado disse que essa situação tem de ser enfrentada sem demora. No caso da energia elétrica, a Firjan elencou, entre as possíveis soluções, voltar a se discutir a construção de usinas hidrelétricas com grandes reservatório e a ampliação da utilização da eficiência energética por parte da indústria.

Na questão do gás, Prado salientou a necessidade de maior participação do setor privado em todas as etapas do segmento, que envolvem exploração, geração, distribuição e transporte. “[A gente] teria mais concorrência e esse preço do gás poderia dar, pelo menos, uma sinalização de conversão para patamares compatíveis internacionalmente”.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que hoje será anunciado o novo Custo Marginal de Operação (CMO) que, segundo ele, demonstra um “declínio no custo marginal de operação”, em função da melhora que está ocorrendo nos reservatórios. O ministro destacou que a energia mais cara do mundo é aquela que não tem energia. “O Brasil tem vencido um desafio hídrico, tendo tido o pior janeiro da sua série histórica dos últimos 82 anos. Entramos com a reservação muito baixa no ano de 2015, mas mesmo assim estamos vencendo o desafio, estamos entregando energia”.

Braga reconheceu, entretanto, a necessidade de se ter no país uma energia com custo menor. Ele disse que o ministério trabalha com agregação de tecnologia, mais linhas de transmissão com diversificação de fontes de energia, com ênfase para a energia solar captadas em  geradores montados nos reservatórios de usinas hidrelétricas. “Nós estamos nos preparando fortemente para vencer os desafios de 2015 e poder entregar um modelo de um sistema elétrico, a partir de 2016, que seja mais barato, mais seguro e que tenha mais inovação tecnológica”.

Braga destacou também que no início do ano foi feita a reestruturação econômica do setor. “Agora, estamos com realismo tarifário trazendo um novo cenário”. Ele admitiu que isso tem um preço a ser mitigado pela sociedade e pela economia, mas completou que, por outro lado, representa a segurança de que o setor elétrico é capaz de fazer investimentos.

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