Debaltsevo, o pomo da discórdia entre Ucrânia e rebeldes pró-Rússia
Kiev, 16 fev (EFE).- A cidade de Debaltsevo, o pomo da discórdia entre o governo da Ucrânia e os separatistas, é um estratégico cruzamento de caminhos que os pró-Rússia consideram crucial para a viabilidade de suas repúblicas separatistas.
Situada a meio caminho entre as cidades de Donetsk e Lugansk, as maiores fortificações insurgentes, Debaltsevo é um nó de comunicações que leva por estrada e por trem a Moscou, principal aliado dos rebeldes.
Nestes momentos, segundo diversas fontes, entre seis mil e dez mil soldados ucranianos se estariam na cidade e arredores cercados por outros tantos milicianos pró-Rússia armados até os dentes.
Os líderes rebeldes garantem que há suas tropas cercaram os destacamentos governamentais após bloquearem a estrada que une Debaltsevo a Artiomovsk, em princípio a única via de entrada de alimentos e outras coisas à cidade.
Por outro lado, Kiev negou categoricamente que seus soldados estejam em uma situação desesperadora e, de fato, o Estado-Maior informou hoje em comunicado que receberam uma nova verba de alimentos e reforços para defender a praça.
Os separatistas se mostram dispostos a autorizar um corredor humanitário para permitir a saída de seus inimigos, mas põem como condição que deponham as armas, o que inclui o armamento pesado com o qual os ucranianos atacaram as posições rebeldes.
Logo após a assinatura, na última sexta-feira, dos acordos de Minsk, o presidente russo, Vladimir Putin, já advertiu que a principal ameaça ao cessar-fogo era precisamente a situação em Debaltsevo, situada na região de Donetsk.
Putin deu a entender que as tropas ucranianas estão rodeadas pelos rebeldes e lembrou que quando tropas estão sitiadas tentam romper o cerco, o que pode ser causa do reatamento dos combates em grande escala.
Os rebeldes defendem que essa cidade faz parte de seu território, e Kiev considera que, em virtude dos acordos de Minsk de setembro de 2014, Debaltsevo deve permanecer sob controle governamental.
A tomada de Debaltsevo permitiria aos rebeldes controlar a fronteira administrativa da região de Donetsk, limítrofe com a também rebelde Lugansk.
Embora muitas minas tenham sido inutilizadas pelos bombardeios, o carvão é o principal ativo da autoproclamada república popular de Donetsk e o centro de comunicações de Debaltsevo seria crucial para seu transporte.
Uma vez reatados os combates, os rebeldes marcaram Debaltsevo e, em menor medida, o porto de Mariupol, como objetivos cruciais para garantir a viabilidade de suas repúblicas como entes autônomos ou independentes.
É por isso que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, considera Debaltsevo uma linha vermelha que não pode ser atravessada e ordenou aos seus generais que em hipótese nenhuma cedam as posições. EFE
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