Déficit no setor público “é um descalabro que deveria ter sido evitado”, diz economista
O déficit de R$ 111,249 bilhões nas contas públicas da União, Estados e municípios no fechamento de 2015 confirmam o cenário ruim da economia, que foi reforçado pelo pagamento das pedaladas fiscais no final do ano passado.
Em entrevista a Denise Campos de Toledo, o economista Raul Veloso pontuou que a situação é ruim e não deveria ter acontecido: “não era para o Governo ter tido um déficit primário e ainda tão grande. É um total descalabro que teria que ser evitado”.
O déficit primário, receitas menos despesas sem considerar os gastos com juros, é o pior da série histórica começada em 2001 e o segundo resultado anual negativo seguido. Ele correspondeu a 1,88% do PIB (Produto Interno Bruto). Em 2014, tal relação ficou em 0,57%.
Além da credibilidade afetada, Veloso disse que a consequência do déficit é que a dívida aumenta muito acima do que se imaginava. “Sinaliza e reforça as expectativa desfavoráveis sobre a disposição futura, e isso faz com que os mercados continuem rejeitando a aplicação de recursos na economia brasileira”.
No ano passado, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) registrou déficit primário de R$ 116,656 bilhões. Já os Estados registraram superávit primário de R$ 9,075 bilhões, e os municípios de R$ 609 milhões.
Questionado se o resultado favorável aos Estados e municípios seria uma espécie de ajuste, o economista ressaltou que a situação dos governos estaduais é mais difícil do que se imagina. “Muita coisa está sendo empurrada para este ano. No caso do Estados é possível que estejameos transferindo problemas (…) E, por outro lado, os governadores que saíram deixaram uma herança ruim. Uma herança de gasto muito ruim. Herança de gasto ruim e receita em desabada é sinônimo de piora dos resultados fiscais”, lamentou.
“É só questão de tempo enquanto eles não conseguirem apresentar uma situação de certo controle”, alertou.
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