Delator diz que precisou ‘justificar’ interrupção de propina de Cabral

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/12/2016 15h00
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EFE Sérgio Cabral

O economista Alberto Quintaes, executivo ligado à Andrade Gutierrez e delator da Operação Lava Jato, afirmou ao Ministério Público Federal que teve que “justificar” a falta de propina destinada ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), em 2008. Segundo Quintaes, na ocasião ele se reuniu com Wilson Carlos, braço direito de Sérgio Cabral, no restaurante Terzetto, em Ipanema, na zona sul do Rio, para explicar a suspensão de uma “mesada” de R$ 350 mil.

O peemedebista se tornou réu em ação penal da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato que o prendeu em 17 de novembro. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, aceitou denúncia contra o ex-governador, por corrupção, lavagem de dinheiro e quadrilha, sua mulher Adriana Ancelmo e outros 11 aliados nesta terça-feira (6).

Cabral cobrava propina de 5% para si sobre valor das obras contratadas pelo Governo do Rio junto a empreiteiras e 1% para colaboradores do esquema, conforme investigação do Ministério Público Federal. O pagamento de uma “mesada” de R$ 350 mil teria começado em abril de 2007, “mesmo antes da efetivação das licitações fraudulentas”.

A denúncia contra Sérgio Cabral aponta que “era incumbência” do então secretário de governo Wilson Carlos fazer “o controle e a cobrança em nome” do peemedebista. Cabia a Carlos Miranda, identificado como “o homem da mala” do ex-governador, pegar o dinheiro, segundo os investigadores.

“Foram realizados pagamentos por Alberto Quintaes a Carlos Miranda em 20 parcelas repassadas entre maio de 2007 e maio de 2008, entre fevereiro de 2010 a agosto de 2010 e em fevereiro de 2011 no valor total de R$ 7,705 milhões, sendo que o total devido de propina, de acordo com o faturamento realizado, era de R$ 13.675.120,00”, aponta a acusação.

O Ministério Público Federal afirma que “o pagamento de mesada de R$ 350 mil a Sérgio Cabral foi realizado durante 13 meses”, até que foi suspenso. A empreiteira considerou que “havia sido feito um adiantamento muito grande e a Andrade Gutierrez não estava recebendo créditos devidos em relação às obras já executadas”.

“A interrupção foi comunicada a Wilson Carlos por João Marcos da Fonseca (superintendente comercial da Andrade Gutierrez), em reunião marcada com tal propósito, realizada no Restaurante Trezetto em Ipanema”, anotam os procuradores da República Lauro Coelho Júnior, José Augusto Simões Vagos, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, Leonardo Cardoso de Freitas, Renato Silva de Oliveira e Rodrigo Timóteo da Costa e Silva.

“Posteriormente, após novas cobranças de Wilson Carlos e com a compensação dos adiantamentos pelos faturamentos realizados pelo Estado do Rio de Janeiro, a propina de Sérgio Cabral voltou a ser paga em março de 2010, desta feita em mais algumas parcelas mensais, algumas delas que atingiram o valor de R$ 750 mil”.

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