Delator usou mesmo esquema de Dirceu para offshores
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, utilizou o mesmo procedimento do ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão, para abrir em 2008 duas offshores no Panamá que movimentaram US$ 21,4 milhões do esquema de corrupção na estatal. A Pexo Corporation e a Rhea Comercial Inc. foram criadas a pedido de Barusco pelo escritório de advocacia Morgan y Morgan, que constituiu no mesmo ano uma filial da consultoria do ex-ministro no Panamá.
Uma offshore instituída pelo Morgan y Morgan também constava como sócia majoritária do hotel Saint Peter, que ofereceu no fim de 2013 emprego a José Dirceu na sua primeira tentativa de migrar para o regime semiaberto. No hotel, o ex-ministro trabalharia como gerente, com salário de R$ 20 mil. Dirceu desistiu do emprego após o Jornal Nacional, da TV Globo, revelar que o presidente da offshore era Jose Eugenio Silva Ritter, um laranja do escritório que morava na periferia do Panamá e tinha centenas de empresas abertas em seu nome.
Os documentos aos quais o Estadão teve acesso mostram que Ritter consta como signatário da constituição das duas offshores que Barusco confessou serem suas em delação premiada. Na delação premiada, Barusco contou aos investigadores que a Rhea Comercial acumulou de 2008 a março de 2014, US$ 14,2 milhões. Conforme documentos do registro oficial do Panamá, a empresa continua ativa. Já a Pexo Corporation foi fechada em abril de 2014.
Enquanto permaneceu em funcionamento, Barusco contou aos investigadores que abriu uma conta no Banco Safra, com US$ 7,2 milhões em nome dessa offshore. Em valores atualizados, pelo dólar de ontem, as duas empresas de Barusco movimentaram R$ 60,1 milhões no período de seis anos.
Nos depoimentos de delação premiada, Barusco não citou a coincidência de abertura de suas offshores pelo mesmo escritório usado por José Dirceu. O nome do ex-ministro foi mencionado por outro delator do esquema, o doleiro Alberto Youssef, que o acusou em depoimento de ser o intermediário do PT no recebimento de propina de empresas do esquema da Lava Jato. A advogada Beatriz Catta Preta, que representa Pedro Barusco, não foi localizada ontem pela reportagem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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