Delegação do governo afegão viaja ao Paquistão para dialogar com talibãs

  • Por Agencia EFE
  • 07/07/2015 12h24
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Cabul, 7 jul (EFE).- Uma delegação do governo afegão viajou nesta terça-feira ao Paquistão para manter uma reunião com os talibãs, em meio à crescente insegurança que atinge o Afeganistão desde o começo da ofensiva lançada pelos insurgentes no final de abril.

“Uma delegação do Alto Conselho de Paz do Afeganistão viajou ao Paquistão para negociar com os talibãs”, anunciou o gabinete do presidente afegão, Ashraf Ghani, em sua conta no Twitter.

O porta-voz adjunto de Gani, Zafar Hashimi, detalhou à Agência Efe que quatro representantes do Alto Conselho e três dos insurgentes participarão da reunião, que acontecerá em Islamabad, embora não tenha sido divulgada a data do encontro.

O vice-ministro afegão das Relações Exteriores, Hekmat Khalil Karzai, faz parte da delegação, disse à Agência Efe uma fonte desse departamento que preferiu manter o anonimato.

Um porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, não confirmou e nem desmentiu à Efe o encontro.

“Ainda não posso confirmar ou desmentir a notícia, já que ainda não temos acesso à informação com relação às conversas em Islamabad e estamos trabalhando para recopilar a mesma”, disse Mujahid.

O anúncio do encontro ocorre no mesmo dia no qual dois ataques suicidas em Cabul contra as forças da Otan e a agência de inteligência afegã deixaram cinco mortos, entre eles quatro insurgentes e um empregado da inteligência do país asiático.

Esta é a primeira vez que o governo afegão confirma sua participação em negociações de paz desde que Gani assumiu a presidência do país em setembro, embora membros do Alto Conselho reconheceram ter se reunido de maneira “informal” com os insurgentes no Catar no começo de maio.

Nesse encontro, os talibãs reivindicaram uma revisão da Constituição, a abertura de um escritório insurgente e a saída das tropas estrangeiras do país como condições para iniciar um diálogo que permita pôr fim ao conflito afegão.

O Alto Conselho para a Paz, criado pelo anterior governo para intermediar as negociações, assegurou então que tinha começado a negociar com a ONU para que elimine de sua lista negra os talibãs que participem do processo de paz, uma das condições fixadas.

Gani, destacou no final de fevereiro que as bases para as negociações estavam em seu melhor momento há três décadas e em março anunciou que seu governo tinha finalizado o documento de trabalho que guiaria o processo.

A Otan pôs ponto final em 2014 a sua missão de combate no Afeganistão, a Isaf, substituída desde janeiro por uma operação com 4 mil soldados em tarefas de assistência e capacitação, e que será seguida a seu termo de outra liderada por civis mas com um componente militar.

Os Estados Unidos manterão desdobrados 9,8 mil militares até o final de ano como parte de sua missão “antiterrorista” no Afeganistão, depois que o presidente americano, Barack Obama, ordenasse o arrefecimento da saída das tropas, prevista inicialmente para este mesmo ano. EFE

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