Delegação dos EUA diz a Morales que deseja recuperar laços com Bolívia
La Paz, 20 mar (EFE).- Uma delegação de senadores e congressistas americanos em visita à Bolívia transmitiu nesta quinta-feira ao presidente Evo Morales a vontade de recompor as relações bilaterais, muito deterioradas desde a chegada ao poder do líder indígena, em 2006.
Em entrevista à imprensa após a reunião, Morales destacou a “boa vontade” dos representantes dos EUA, país com o qual Bolívia não mantém relações em nível de embaixadores desde 2008.
La Paz expulsou o então embaixador Philip Goldberg, e Washington rebateu expulsando o chefe da missão boliviana nos EUA, Gustavo Guzmán.
O presidente reiterou hoje aos membros da delegação que a Bolívia não quer nem ser submetida nem submeter a ninguém. “Só queremos respeito entre países, como estados, como governos e sinto que há boa vontade de fazer gestões para melhorar relações entre Bolívia e Estados Unidos”.
Morales fez estas considerações um dia após acusar os EUA de orquestrarem um golpe de estado na Venezuela encoberto contra o governo de Nicolás Maduro para ficar com o petróleo do país.
Ele enviou pelos congressistas uma mensagem ao governo dos EUA, em que pediu “que respeite o irmão Maduro, presidente da Venezuela, respeite a democracia e respeite todas as posições que existem na América Latina e no Caribe”.
A delegação americana foi formada pelos senadores democratas Tom Harkin e María Cantwell, e pelo independente Bernard Sanders, e os deputados democratas George Miller e Rush Holt.
Além disso, Morales assinalou ter detalhado aos americanos como seu governo buscou boas relações “desde o primeiro momento”.
“Relações de respeito entre ambos os países, certamente relações de investimento, de cooperação, mas não relações de intromissão nem de imposição”, argumentou.
Morales acusou os diplomatas dos EUA na Bolívia de manterem uma política de “conspiração, provocação, agressão e financiamento aos opositores”.
Foi precisamente essa acusação de conspirar contra o governo o argumento que o executivo boliviano utilizou para expulsar Goldberg e o DEA em 2008 e à agência de cooperação americana (Usaid) em maio de 2013.
Morales disse que os congressistas se surpreenderam pela melhora econômica do país andino após a nacionalização de seus recursos naturais. “Por isso digo que nossos povos não podem ser administrados por banqueiros, nem transnacionais e empresários”.
O senador Tom Harkin declarou, após a reunião com Morales, que existe “um compromisso das partes para restabelecer uma boa relação”.
“Fala-se com frequência que não se pode fazer nada para mudar o passado, no entanto, se pode trabalhar para conseguir um futuro melhor, um futuro de respeito, um futuro de mútuo apoio que seja conveniente para ambos os países”, afirmou Harkin.
Também opinou que a Bolívia “está fazendo grandes progressos” e acrescentou que um dos objetivos desta visita foi “conversar sobre como podemos ser parceirosneste progresso”. EFE
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