Delegado da Lava Jato nega irregularidades em quebras de sigilo telefônico

  • Por Agência Estado
  • 03/02/2015 16h42
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RIO DE JANEIRO, RJ - 14.11.2014: OPERAÇÃO LAVA JATO - Chegada de agentes com documentos apreendidos na Superintedência da PF no Rio de Janeiro - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (14) mandados de prisão e de busca e apreensão durante Operação Lava Jato. As buscas são concentradas em 11 grandes empreiteiras. Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera R$ 10 bilhões. (Foto: Erbs Jr./Frame/Folhapress) Frame/Folhapress Polícia Federal cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão durante Operação Lava Jato

O delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo, um dos investigadores da Operação Lava Jato, negou irregularidades em quebras de sigilo telefônicos e telemáticos realizadas em alvos do esquema de corrupção e propina na Petrobras, em depoimento à Justiça Federal, nesta segunda-feira, 2.

O juiz federal Sérgio Moro requisitou que a Polícia Federal que apresente cópias dos materiais referentes ao monitoramento dos aparelhos blackberry de alguns dos alvos, entre eles o doleiro Alberto Youssef, em dez dias. Anselmo é o principal delegado responsável pelas interceptações telefônicas e telemáticas da Lava Jato.

Segundo ele, as medidas foram tomadas com autorização judicial, por intermédio da PF em Brasília, como é feita em toda interceptação do tipo.

Moro questionou o delegado se em algum momento ele recebeu reclamação de autoridade estrangeira ou mesmo do Ministério das Relações Exteriores por conta dessas interceptações. “Não, nunca.”

A defesa de alguns empreiteiros alega que a Lava Jato fez “ponte direta” com a direção geral da Polícia Federal, em Brasília, e com a operadora RIM, do Canadá, para monitoramento de conteúdo do black berry utilizado por investigados. A defesa argumenta que sem passar pelo crivo da Justiça, a Lava Jato não podia ter feito esse contato direto. O juiz Sérgio Moro deu prazo para o delegado Anselmo entregar os e-mails que trocou com as autoridades (de Brasília e do Canadá).

Anselmo explicou que a Lava Jato obteve dois tipos de dados referentes aos monitoramentos de trocas de mensagens por blackberry. “Mensagens interceptadas e depois mensagens extraídas dos celulares apreendidos no dia 17 de março (de 2014)”, afirmou.

Delação

No início do depoimento do delegado, o advogado de Ricardo Pessoa, apontado como “presidente do clube” de empreiteiras que cartelizavam as licitações na Petrobrás, alertou Moro sobre as tratativas do acordo de delação do executivo com o MPF. Ele disse o delegado participou do encontro em que foram tratados assuntos referentes a ação contra a Camargo Corrêa e a UTC. Com isso, o juiz proibiu o delegado de tratar do assunto em seu depoimento.

“O fato é que ele não pode depor sobre fatos ouvidos naquela audiência, fatos que atinam com o presente processo. Por isso a impugnação que se faz da sua oitiva nesta audiência”, solicitou o advogado, que foi atendido pelo juiz Sérgio Moro.

*Ricardo Brandt, enviado a Curitiba, Mateus Coutinho e Fausto Mac
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