Democratização da mídia e reforma política serão prioridades do novo governo
São Paulo, 27 out (EFE).- O presidente do PT, Rui Falcão, anunciou nesta segunda-feira que uma das prioridades para o partido é a democratização dos meios de comunicação, dentro do programa de reformas durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, reeleita no domingo.
“A Constituição prevê em seu artigo 220 a mais ampla liberdade de pensamento. O mesmo item que trata da comunicação social proíbe a existência de oligopólios e monopólios. Considero a mais importante (proposta) depois da reforma política”, afirmou Falcão em entrevista coletiva em São Paulo.
O PT pretende convocar a mobilização social para tentar impor uma reforma política já anunciada no domingo por Dilma, por considerar que “é praticamente impossível” pela correlação de forças no Congresso.
Ele enfatizou a necessidade da “democratização da mídia”, que não afeta a imprensa escrita, pelas emissoras de rádio e de televisão serem concessões públicas.
E lembrou que tanto a reforma da lei de imprensa, de 1962, como a reforma política, dependerão “das mobilizações” dos setores populares, porque, exemplificou, existem congressistas donos de meios de comunicação e o próprio Congresso é quem autoriza as concessões.
Falcão também confirmou que manterá os processos judiciais por calúnia contra a revista “Veja”, que na semana passada foi acusada de “terrorismo eleitoral” por Dilma, ao vinculá-la e a seu antecessor, Lula, com o escândalo de corrupção na Petrobras.
Falcão ainda negou que exista no Brasil uma “divisão” entre regiões ou entre classes sociais por causa da vitória apertada de Dilma no segundo turno diante de Aécio Neves e lembrou da vitória da presidente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.
Falcão afirmou que o país “não está em conflito”. “Não vejo necessidade de pacificar o país, porque ele não está conflagrado.”
E prometeu mais diálogo com a oposição. “É natural que nas democracias o governo dialogue permanentemente com a oposição. Esse diálogo vai ser mais exercitado agora, assim que começarem as tratativas políticas”, disse.
Um nome no ministério da Fazenda fora do PT não está descartado. “O governo não manda no partido e o partido não controla o governo”, ressaltou.
“Se for um quadro (externo) preparado e leal ao programa de governo que a maioria do povo brasileiro aprovou, não haveria restrição”, ponderou Falcão.
Na coletiva, Falcão lembrou que o empenho das forças governistas é conseguir que “o segundo governo seja melhor que o primeiro”.
Desde que o PT chegou ao poder, em 2003, os ministros da Fazenda sempre foram quadros do partido: nos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva o cargo foi assumido por Antônio Palocci e pelo atual ministro, Guido Mantega, que deixará o cargo.
Falcão afirmou que as turbulências no mercado financeiro, como a queda da Ibovespa e a desvalorização do real, registradas durante a campanha e nesta segunda-feira serão “rapidamente estabilizadas”.
“Não podemos deixar que o mercado financeiro defina a agenda, estamos interessados no mercado de consumo de nossa população, na qualidade de vida dos brasileiros, no empenho para voltar a crescer, garantir emprego e travar uma luta implacável com a inflação”, acrescentou. EFE
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