Depois de quase 53 anos sem contato, EUA e Cuba retomam relações

  • Por Agencia EFE
  • 17/12/2014 18h47

Redação Central, 17 dez (EFE).- Estados Unidos e Cuba, que nesta quarta-feira promoveram uma mudança profunda em suas relações, estão há 53 anos sem quase nenhum contato e com o embargo econômico americano à ilha.

O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu que o Congresso abra um debate “sério e honesto” sobre o embargo, com o objetivo de encerrá-lo.

A história do bloqueio econômico a Cuba começou em 20 de outubro de 1960, depois de Fidel Castro fazer em setembro um apelo às forças populares latino-americanas a se rebelarem contra o imperialismo americano.

Desde então, suas relações estiveram determinadas durante anos pelo “contra-ataque”. Sempre que havia uma medida tomada pelos Estados Unidos contrária à ilha, esta era rebatida por Havana. Por exemplo, a cotação do açúcar cubano foi rebaixada, e Fidel então estatizou 26 empresas americanas.

Mas essa convivência, de amor e ódio viveu a partir de em 1977 um abrandamento nas disputas. Algumas restrições que pesavam sobre cidadãos americanos para que viajassem a Cuba foram suspensas, foi assinado um tratado de pesca – depois rompido – e Fidel viajou a Nova York para discursar na ONU.

Essa aproximação foi travada em 1981 com a chegada do republicano Ronald Reagan à Casa Branca.

Uma ofensiva verbal entre ele e Fidel fez com que a ilha caribenha se declarasse em estado de alerta.

Um ano depois começaram uma série de ações hostis. Atos de pirataria, suspensão da única companhia aérea comercial da ilha e diplomatas cubanos expulsos dos EUA acusados de espionagem congelaram as relações.

Em 20 de maio de 1985, o governo cubano suspendeu o acordo de emigração assinado com Washington em dezembro do ano anterior por causa do início das transmissões da Rádio Martí. A resposta dos Estados Unidos foi a proibição de viagens para Cuba a todo residente de origem cubana.

Além disso, na base americana de Guantánamo, foram dispostas tropas e bombardeiros, e Cuba mobilizou tropas regulares e milícias.

Em 5 de fevereiro de 1992, o congressista democrata Robert Torricelli apresentou uma lei que endureceu o bloqueio e isolou definitivamente a ilha. Ela foi depois acentuada pela lei promovida pelo republicano Jesse Helms em 1996. Dois anos antes, a “Crise das Embaixadas” e a “Crise dos Balseiros” também acentuaram a tensão.

As grandes dificuldades econômicas após quatro anos de “Período Especial”, com escassez generalizada de produtos e recursos, fizeram com que muitos cubanos viajassem em direção à Flórida.

Pelo menos 40 mil cubanos se lançaram ao mar sobre qualquer coisa que flutuasse. A grande maioria parou na base de Guantánamo e no Panamá.

A presidência do democrata Bill Clinton não relaxou o embargo. Ao contrário, após a derrubada de pequenas aeronaves da organização de exilados “Irmãos ao Resgate” em 1996 por Cuba, a Casa Branca decidiu suspender todos os voos comerciais entre EUA e Cuba e endurecer o embargo comercial.

Além disso, o caso pela custódia do menino Elián González esfriou ainda mais os contatos, apesar de a justiça americana ter decidido por seu retorno de Miami a Havana.

Com George W. Bush as relações endureceram, com a manutenção as restrições à ilha e o aumento das ajudas à dissidência.

A substituição de Fidel Castro por seu irmão Raúl em 2006 pareceu abrir um período para a normalização das relações. Pouco tempo depois, o presidente Barack Obama se mostrou partidário de “um novo começo” nas relações mútuas.

Neste sentido, a Casa Branca deu algumas amostras de aproximação, como a redução das restrições de viagens aos cubano-americanos e ao envio de remessas. Também foram retomadas as conversas sobre temas migratórios, que ainda estão acontecendo. EFE

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