Deputada afirma que se Maduro não se abrir ao diálogo mediação não adiantará
Brasília, 2 abr (EFE).- A deputada venezuelana da oposição María Corina Machado disse nesta quarta-feira em Brasília que o primeiro passo para uma mediação no conflito vivido em seu país é que o governo de Nicolás Maduro “demonstre ter vontade de diálogo”.
Corina discursou sobre a situação venezuelana em uma audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado e comentou a possibilidade de o Vaticano ser oficializado como mediador, sugestão apoiada nos últimos dias até pelo presidente Maduro.
A Conferência Episcopal da Venezuela se ofereceu hoje em Caracas como possível mediadora e, embora tenha qualificado o governo de Maduro de “totalitário”, disse estar disposta a facilitar um diálogo para “apaziguar” a onda de protestos que explodiu no país.
“Se há alguém no mundo que pode gerar confiança é o Vaticano”, declarou Corina, embora esclareceu que “isso só se demonstrar que há vontade” pelo governo.
Entre as condições que “não são negociáveis” para um diálogo, Corina citou a “libertação de todos os presos políticos”, que “a repressão contra os protestos pacíficos acabe” e que os responsáveis por torturas e assassinatos sejam punidos.
“Então poderemos falar de uma mediação”, declarou a deputada, que reiterou que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) “não é confiável” para a oposição.
“A Unasul já tem precedentes”, ao lembrar que quando a oposição denunciou uma suposto fraude nas eleições de um ano atrás, ganhas por Maduro, se comprometeu a fazer uma apuração de votos “que nunca” aconteceu”.
“O povo da Venezuela tem sérias dúvidas sobre a imparcialidade da Unasul”, indicou.
E acrescentou que há “presidentes e chanceleres” dos países da Unasul que fizeram declarações de apoio a Maduro e que, nos mais de 15 anos do “chavismo” no poder, a oposição escutou dezenas de promessas de diálogo que “jamais” foram cumpridas.
Perguntada sobre a opinião em relação à posição da presidente Dilma Rousseff, que tem uma estreita relação com Maduro, assim como Lula tinha com Hugo Chávez, Corina disse que pediria a ela que “tenha mais empatia” com a situação venezuelana.
“Falaria de mãe para mãe, de uma vítima de perseguição para outra”, disse Corina, em alusão à ditadura militar brasileira.
Quem esteve presente na audiência foi o senador boliviano Roger Pinto, que aguarda resposta ao pedido de refúgio no país, depois de ficar hospedado por dez meses na embaixada em La Paz e fugir para o Brasil, o que causou um incidente diplomático entre os dois países.
“Sou amigo de María Corina e de sua família há muitos anos”, declarou Roger a jornalistas.EFE
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