Deputado boliviano acusa Brasil de cumplicidade em caso de promotor foragido

  • Por Agencia EFE
  • 09/09/2014 17h27
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La Paz, 9 set (EFE).- O presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Marcelo Elío, acusou nesta terça-feira o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do Brasil de “cumplicidade” com os supostos crimes cometidos pelos ex-promotor Marcelo Soza, que é investigado pela Justiça boliviana e está foragido em território brasileiro desde março, informou a imprensa local.

Elío, que também argumentou que o Conare é comandado por forças da direita, fez tal acusação depois que foi divulgado ontem que o comitê prorrogou por um ano o status provisório de refugiado concedido a Soza, que responde na Justiça boliviana por supostos crimes de corrupção.

O Conare “tem forte presença conservadora da direita e parece estar protegendo um de seus seguidores, o que mostra que existe uma espécie de cumplicidade do Conare, que protege os delitos penais deste indivíduo”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, em declarações divulgadas pela agência estatal “ABI”.

Fontes oficiais do governo brasileiro confirmaram ontem para a Agência Efe que o status provisório de refugiado concedido a Soza foi prorrogado por um ano.

A renovação do status provisório de refugiado é um procedimento “automático” do Conare nos casos em que o primeiro asilo concedido por seis meses expira e o comitê ainda não tomou uma decisão definitiva, disseram as mesmas fontes.

O ex-promotor Marcelo Soza conduziu uma investigação sobre um suposto complô contra o presidente da Bolívia, Evo Morales, ocorrido em abril de 2009 na cidade de Santa Cruz, no leste do país.

O chamado “caso terrorismo” explodiu no dia 16 de abril de 2009, quando um comando policial realizou uma operação em um hotel de Santa Cruz que terminou com a morte de três estrangeiros e a prisão de dois, que foram acusados de pertencer a uma célula terrorista que pretendia fazer um atentado contra Morales com objetivos separatistas.

Soza renunciou ao seu cargo depois que a oposição divulgou gravações nas quais ele supostamente fazia revelações sobre a corrupção no Judiciário boliviano e depois de aparecer em algumas fotografias ao lado de advogados que foram detidos pelo governo por supostamente pertencerem a uma rede de extorsão.

Alguns dos investigados por Soza no “caso terrorismo” o acusaram de extorsão, enquanto a Procuradoria Geral da Bolívia abriu um processo contra o ex-promotor por descumprimento de deveres.

Soza fugiu para o Brasil logo depois, onde conseguiu uma permissão provisória para residir e trabalhar, até que o Conare, que é vinculado ao Ministério da Justiça, tome uma decisão definitiva sobre a concessão do asilo.

A Bolívia afirmou que pretende pedir sua extradição, mas não pode fazê-lo até que seja tomada uma decisão definitiva sobre sua permanência no Brasil e só poderá exigi-la se o asilo for negado. EFE

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