Deputado russo que não apoiou anexação da Crimeia perde imunidade parlamentar
Moscou, 7 abr (EFE).- O parlamento russo privou de imunidade nesta terça-feira o deputado Ilya Ponomariov, o único legislador que não apoiou a anexação da Crimeia no ano passado, e autorizou a Procuradoria Geral a abrir uma investigação criminal contra ele, que agora reside nos EUA.
A decisão foi apoiada por 438 parlamentares, enquanto apenas um votou contra depois que o procurador-geral adjunto, Aleksandr Buksman, solicitou ao Legislativo que adotasse a medida para processar o deputado, eleito em 2011 pelo partido “Rússia Justa”.
A câmara baixa do parlamento autorizou o processo de Ponomariov por desvio de dinheiro público, mas, antes, o porta-voz do Comitê de Instrução (CI) russo, Vladimir Markin, anunciou que também seria acusado de desfalque caso perdesse a imunidade.
O deputado opositor é acusado de participar em 2010 do desfalque de 22 milhões de rublosd dos cofres do fundo inovador “Skolkovo”, conhecido como o Vale do Silício russo.
Segundo o CI, o vice-presidente de “Skolkovo”, Alexei Beltiukov, pagou de maneira fraudulenta ao legislador US$ 750 mil por uma série de conferências para promover o projeto.
Ponomariov, eleito por um partido que não faz oposição real ao presidente russo, Vladimir Putin, participou a partir de 2011 da organização dos grandes protestos populares contra as supostas fraudes nas eleições legislativas realizadas em outubro desse ano e, posteriormente, nas presidenciais de maio de 2012.
Em 2013, Ponomariov suspendeu sua militância pelo Rússia Justa depois que outro membro do partido, o também deputado Gennady Gudkov, foi expulso por sua atividade opositora contra o Kremlin.
Em março de 2014, se tornou o único deputado da Duma que não apoiou a anexação da península da Crimeia e se pronunciou contra a ingerência da Rússia na crise da Ucrânia.
Desde agosto de 2014, Ponomariov vive nos Estados Unidos. Enquanto isso, todo o seu salário de deputado vai para o fundo “Skolkovo” para pagar a suposta dívida que tem com a entidade. EFE
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